Coluna Pomerana
A História da Pomerânia
Publicado em 16/04/2021 às 11:42
Para uma melhor compreensão da história dos pomeranos, sobretudo no que diz respeito aos acontecimentos ao longo do último milênio, a Folha Pomerana estará publicando, nas suas próximas edições, uma síntese histórica dos primórdios dos ducados pomeranos ao longo dos últimos mil anos.
“Pomerânia”, a “terra à beiramar”. Essa denominação se originou a partir do nome de uma tribo de eslavos ocidentais, chamada “pomorans”, (“povo à beira-mar”), e que vivia nesta área, na virada do primeiro para o segundo milênio da era cristâ. A primeira referência a um povo com esta denominação parece existir em um docu- mento encaminhado para Roma por um missionário católico. Portanto, por volta do ano 1000 d.C. seus assentamentos se localizavam, entre os rios Vístula no Leste, o Netz-Warthe-Lowerung no Sul, o estuário oriental do rio Oder, Dievenow, no Oeste e o litoral do Mar Báltico no Norte. Nesses tempos, parte de toda da região ainda estava coberta de grandes florestas.
As áreas a oeste do oldenburg.de/regionen/pommern Oder, onde vivia uma sub-tribo de eslavos, denominada de Liutizes, foram sendo conquistadas pelos duques pomeranos no decorer do século XII. Nessa época, a ilha de Rügen e a parte continental, a atual Pomerânia Ocidental, era habitada pelos ranes, também, uma sub-tribo de eslavos ocidentais. Na segunda metade do século XI, começaram a surgir diversas lideranças tribais e entre estes se destacou o que organizou um pequeno ducado na parte ocidental da área de assentamento pomoriano. Aos poucos sua área de influência, inicialmente centrada na região que hoje é Kolberg/Belgard, foi-se expandindo. Assim, construindo fortificações, seu domínio chegou até o estuário de Oder e mais tarde até as proximidades de Cammin e Stettin. A dinastia desse ducado, passou a ser conhecida como a dinastia dos Grifos e que governou a Pomerânia até 1637. Seu primeiro governante foi Wartislaw I.
Entre 1124 e 1128, o bispo alemão, Otto von Bamberg, em duas ocasiões, percorreu a Pomerânia em missão de cristianização. Consta, que teria batizado algumas dezenas de milhares de pessoas. Também no início do século XII, o duque polonês (piasta) Boleslaw III Schiefmund tentou subjugar toda a área de assentamento dos Pomorans, época em que também acontecia a sua cristianização. No entanto, as ambições políticas dos governantes poloneses logo foram revertidas em decorrências das desavenças entre o duque da Saxônia, Henrique o Leão, e os reis da Dinamarca.
Foi desta forma que, já a partir de 1164, a Pomerânia, juntamente com toda a costa sul do Báltico passou para a influência saxônica. Ainda em 1168 o exército dinamarquês, comandado pelo rei Waldemar I venceu as tropas do Principado de Rügen e, ao destruir totalmente o templo-fortaleza pagão de Kap Arkona, iniciou o processo de cristianinização da sua população. Já em 1181, após a morte de Henrique da Saxônia, o duque Bogislaw I, teve que aceitar a suzerania (domínio) do imperador Frederico I Barbarossa e com isto o ducado de Pomerânia, pela primeira vez, passou a integrar o Sacro Império Romano Germânico.
Esta situação durou pouco, pois, já em 1185 Bogislaw novamente teve que se submeter ao rei dinamarquês e o ducado permaneceu na sua dependência até 1227, quando, depois da Batalha de Bornhöved, colapsou o poder dos dinamarqueses na região do Mar Báltico. Aliás, desde 1168, quando cristianizaram o principado de Rügen, os dinamarqueses já vinham fazendo suas reivindicações sobre a região. Por outro lado, os príncipes de Rügen, apesar de fazerem parte de uma família raniana, e também dominarem uma parte continental da atual Pomerânia ocidental, permaneceram vinculados aos reis dinamarqueses até a extinção da sua dinastia em 1325. Suas terras então passaram aos duques pomeranos.
A partir do inicio do século XIII, os duques pomeranos e também os grandes proprietários de terras, de conventos e outras instituições religiosas trouxerama para essa área até então pouco povoada, um importante número de camponeses provenientes da Saxônia, do Baixo Reno e de Flandres (Países Baixos). Isso, para a Pomerânia resultou em profundas modificações sociais e econômicas.
A acomodação da população germânica em meio aos nativos eslavos parece ter ocorrido com relativa harmonia. Ao menos não há registros daqueles tempos de procedimentos de limpeza étnica. Os novos povoados fundados pelos recém-assentados, terminaram assimilando os vizinhos eslavos. Da mesma forma os próprios hábitos e costumes e a língua germânica terminaram sendo assimilados pela população nativa. Se de um lado, novos povoados foram recebendo nomes germânicos, os nomes eslavas de outros povoados foram sendo incorporados à nova geografia da região.
Foi desta forma que, até o final do século XIII, a germanização foi praticamente concluída da Pomerania ocidental e já se encontrava em uma fase bastante avançada na região a leste de Köslin. Esse processo, decorrente do assentamento de agricultores provenientes de diversas regiões do que hoje é a Alemanha, continuou até 1350, quando já tinham sido fundadas mais de 50 pequenas cidades, administradas dentro das leis hanseáticas de Lübeck e Magdeburg.
O assentamento da nova população germânica não só resultou em um crescimento populacional e na recuperação de áreas de terra, até então não cultivadas, como também levou a introdução de novas práticas econômicas na agricultura (economia de três campos, arado de três partes), em inovações no artesanato, no surgimento de novas condições sociais e legais (burguesia urbana), como também completou o processo de cristianização do ducado.