Dores nas costas: mais um sintoma do isolamento
Publicado em 27/08/2020 às 11:48
Desde meados de março, quando a maioria das escolas tiveram que fechar devido às preocupações com o COVID-19, as crianças e adolescentes precisaram se adaptar rapidamente ao aprendizado virtual. Sentados sem uma mesa adequada e em posturas erradas por longas horas não é novidade que as dores no corpo começam a aparecer. De acordo com o fisioterapeuta Bernardo Sampaio, diretor clínico das Unidades de Guarulhos do ITC Vertebral e do Instituto Trata a pandemia estimulou a baixa mobilidade das pessoas, especialmente dos estudantes. “Computadores e celulares tornaram-se uma parte da vida diária dos adolescentes e também das crianças. Antes, eles estavam sempre andando, correndo e fazendo atividades, mas agora eles estão sempre na frente de eletrônicos, isso faz com que seus músculos fiquem tensos e é aí que aparecem as dores no pescoço e nas costas”, afirma.
E embora a dor nas costas seja responsável por mais de 10,54% dos afastamentos do trabalho e pedido de entrada no benefício do INSS, a maioria das pessoas não associa a condição aos mais jovens. Mas de acordo com Bernardo Sampaio, a atual geração enfrenta uma epidemia de problemas devido a tecnologia. “ É comum ver crianças e adolescentes o tempo todo com o pescoço pra baixo ao usar o celular ou com as costas tortas ao jogar videogame, o que além de prejudicar a coluna pode gerar o tão perigoso sedentarismo”.
O fisioterapeuta alerta que ter bons hábitos posturais são ainda mais importantes para as crianças, cujo corpo ainda está em processo de desenvolvimento. “Se uma mesa da cozinha ou um sofá se tornou a mesa oficial para fazer as lições de casa, é necessário mudar para objetos que se adequem ao tamanho e idade dos pequenos”, pontua.
O especialista acrescenta ainda: “Para reduzir a dor nas costas e no pescoço, os adolescentes devem fazer intervalos frequentes enquanto assistem às aulas on-line. Faça exercícios de alongamento, costas, pescoço e ombros. Uma compressa quente e fria pode ser útil quando e se a dor aparecer. Ignorar dores nas costas e no pescoço pode resultar em danos permanentes.”
E para ajudar os pais, Bernardo separou algumas dicas que podem fazer diferença na rotina dos mais novos. Veja:
Certifique-se de que os pés da criança estejam sempre apoiados no chão enquanto ela está sentada. Um apoio de pés pode ajudar, livros, uma caixa ou banquinhos podem servir como substitutos se não for possível comprar um apoiador;
É importante dar uma pausa de tempos em tempos, cerca de 30 em 30 minutos para o corpo se movimentar. Peça para a criança levantar, se esticar e alongar os músculos e para os mais velho correr em casa e até subir e descer escadas com supervisão pode ser um bom exercício;
Use uma cadeira de corpo inteiro ajustável, se puder. Ela deve ter um pouco de apoio para a curva lombar. Se necessário, use uma toalha enrolada e coloque-a entre as costas e o apoio da cadeira. Os cotovelos devem estar apoiados na altura natural do braço da cadeira;
O monitor do computador deve sempre estar no nível dos olhos ou logo abaixo do nível dos olhos, para que o estudante tenha uma posição neutra no pescoço. Você pode aumentar a altura do monitor usando livros, por exemplo.
“Há muitas informações para as crianças sobre como usar a Internet com segurança, o que é ótimo. Mas também precisamos começar a mostrar aos nossos filhos a importância da ergonomia, por isso eu acho que é importante estar ciente de que fizemos grandes mudanças em nosso estilo de vida e precisamos nos adaptar e incluir exercícios, pois afinal de contas, estamos sentados mais do que nunca agora”, diz Bernardo.
Ele recomenda exercícios aeróbicos regulares, bem como técnicas de relaxamento para ajudar a reduzir o estresse. “Somos seres sociais e fomos impedidos de socializar. Os níveis de estresse são altos, o tempo dentro de casa é alto; o tempo gasto sentado é muito maior. Por isso, até meditar seria bom. Essa, inclusive é uma boa atividade para ser feita entre pais e filhos”, finaliza.