Experiência em manejo de cafés sombreados é tema de pesquisa

Publicado em 15/02/2020 às 11:18

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Por meio de uma publicação completa, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) apresenta o trabalho de agricultores do Estado em cafezais sombreados e traz informações que podem auxiliar a ação técnica no campo, buscando preservar e aumentar os níveis de biodiversidade nas lavouras.

A publicação, intitulada “Cafezais sombreados: Experiências com o manejo do sistema no Estado do Espírito Santo”, foi coordenada pela bióloga e bolsista do Programa Consórcio Pesquisa Café pelo Incaper, Adriana Baldi, e pelo pesquisador do Incaper, Eduardo Ferreira Sales.

O material mostra a diferença da fauna de solo em sistema sombreado e em monocultivo e as experiências de manejo do sistema, dosando o sombreamento e mostrando algumas possibilidades de consórcio, dentre elas a evolução do café conilon (Coffea canefora) sombreado e associado com Jequitibá, com frutíferas, como mamoeiros (Carica papaya), abacateiros (Persea americana), coqueiros (Cocos nucifera), e associado ao feijão (Phaseolus vulgaris), pimenta-do-reino (Piper nigrum) e nim-indiano (Azadirachta indica A. Juss).

Atualmente, os cafezais no Espírito Santo ocupam 432.508 ha, isto é, 9,4% da superfície territorial do Estado, o que representa um produto de grande importância econômica para a geração de renda e emprego. Nesse contexto, Eduardo Sales lembrou que “no Estado, o hábito de manejar cafezais em monocultivo e a forte dependência de insumos externos está arraigado nos costumes e tem perdurado ao longo do tempo”.

Entretanto, para o pesquisador é fundamental que seja feito um “redesenho” dos agroecossistemas, a fim de recuperar os ciclos naturais, ecológicos e produtivos. Nesse sentido, a pesquisa aponta o cultivo de cafeeiros em Sistemas Agroflorestais (SAFs) como uma opção para as propriedades agrícolas.

“Trata-se de um sistema proveniente do rico e diversificado conhecimento das famílias rurais, entre elas, indígenas, camponesas, quilombolas, além dos agricultores familiares tradicionais, em sistemas que integram as árvores, arbustos, palmeiras com vários tipos de culturas e animais domésticos, proporcionando soberania e segurança alimentar local”, afirmou Sales.

“Deve-se ter um cuidado especial para manter o sistema produtivo, escolhendo quais as espécies mais adequadas para se consorciar, de forma a aumentar os níveis de biodiversidade dos sistemas, adequando-os à legislação ambiental”, lembrou o pesquisador.

Para o diretor-técnico do Incaper, Nilson Araujo Barbosa, os sistemas apresentados mostram-se cada vez mais atrativos para a sua disseminação no campo. “Essa dinâmica pode melhorar a autoconfiança dos técnicos e das famílias cafeicultoras, possibilitando maior segurança na tomada de decisão para o redesenho de cafezais mais sustentáveis”.

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