Coluna Pomerana
Brote: O pão pomerano e as suas origens
Publicado em 08/03/2019 às 17:18
Se formos procurar a origem do consagrado “pão nosso de cada dia” facilmente veremos que este deve ser tão antigo como a própria humanidade. Em todas as culturas sempre houve diferentes formas de preparados alimentares cozidos ou assados com características que se assemelham ao nosso pão ainda hoje consumido.
Os diferentes tipos de pão encontrados na antiga Pomerânia, na região do Mar Báltico, até têm muitas semelhanças ao que hoje ficou consagrado como o folclórico “pão dos pomeranos”, aqui também conhecido como “Brote”. Mas, afinal, de onde vem esta especiaria chamada “Brote” ou pão pomerano?
Durante as primeiras décadas, a criação de aves domésticas era coisa rara. Por outro lado, quem conse-guia, recorria à caça de pequenos ani-mais silvestres. Po-rém também a caça precisava ser apren-dida, até por que a desconheciam nas suas vilas ou povoados de origem. Também o cultivo do arroz era desconhecido durante os primeiros tempos da colonização. Tudo isto nos leva a imaginar o que deve ter sido a vida sacrificada dos pioneiros desta época!
Na realidade, os primeiros colonos, apesar de terem acesso à terra, desconheciam a culinária brasileira e o potencial da exuberante matéria prima disponível na natureza, como por exemplo os tubérculos e seu potencial no aproveitamento para a alimentação.
É lógico que as necessidades enfrentadas levaram o colono a procurar por outras fontes de alimento. Foi assim que descobriram os tubérculos, encontrados na própria natureza. Familiarizaram-se com a mandioca, a taioba, a abóbora, o inhame, a batata doce, o cará e o amendoim. Aqui não se tinha trigo, nem batatas, nem animais domésticos para suprir as necessidades alimentares básicas. Mesmo assim os europeus parecem ter levado bastante tempo para aprender a utilizar melhor esse potencial da riqueza representada pela caça, pela pesca e pelos vegetais silvestres. Somente depois de um longo e sacrificado aprendizado os pioneiros começaram a plantar milho e mandioca, aliás, prática já bastante comum entre os cabo-clos e os próprios indígenas. Foi desta forma que, aos poucos, a canjica de milho, o feijão e a mandioca se transformaram em in-gredientes básicos das refeições dos agricultores aqui assentados.
Afinal, para poder viver era preciso comer o que se tinha. Com isto aprenderam a se adequar ao que existia. Portanto, trata-se de um pão, visualmente parecido com o que temos em muitas regiões de colonização germânica. O que o diferencia, porém, são seus ingredientes, que se aprendeu a adicionar em decorrência da abundância de produtos locais. Dentro dos elementos básicos como a farinha, o sal, o fermento e a água, a farinha de trigo substituída pela farinha de milho.
Os novos ingredientes responsáveis pelos diferentes sabores ficaram por conta de cada “padeiro”, na medida em que este adicionava à massa do pão diferentes quantidades de tubérculos ralados, como batata doce, inhame, cará, aipim, bananas, frutas cristalizadas ou mesmo diferentes temperos. Dizem que, para ficar ainda melhor, será necessário colocar este brote dentro do forno sobre folhas de bananeiras. Desta forma muitos segredos culinários terminaram sendo repassados de geração em geração até os dias atuais. Aos que forem saboreá-lo, um bom apetite!