POMERANA

Coluna Pomerana

Síntese da história da Pomerânia

Publicado em 04/09/2018 às 12:26

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Com a morte de do duque Bogislaw XIV (1580-1637), que também havia governado a Pomerânia-Stettin e Rügenwalde de1617 a 1625 e a Pomerânia de 1625-1637 e não tendo deixado herdeiros diretos, seu cunhado, o duque de Brandemburgo (da casa Hohenzollern) assumiu o trono. Com isto novamente houve a UNIÃO DOS DOIS DUCADOS POMERANOS. Mais tarde o ducado da Prússia também foi incorporado a esse território. Na prática, as terras da Pomerânia continuaram sendo administradas pela baixa nobreza da região e pelos comerciantes.

O século XVII se constituiu nos PIORES ANOS PARA OS POMERANOS, no ducado da Pomerânia sobretudo pela devastação sofrida durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Além disto, durante os anos de 1623 e 1624, foi castigada pela peste negra, a qual retornou com intensidade em 1635. Ao final desses trinta anos, dois terços de sua população tinha sucumbido.

sintese2Foi nesta época (durante a Guerra dos Trinta Anos, 1618-1648) que a duquesa SOPHIE VON SCHLESWIG-HOLSTEINSONDERBURG (1579-1658), viúva de Philipp II, de Pommern-Stettin, se destacou pela sua abnegada dedicação à faminta população pomerana, ao lhe dar assistência na forma de abrigo e alimentação no exconvento em Treptow Rega. Esta mesma duquesa também incentivou as mulheres pomeranas a aprender a fazer os bordados em alto relevo.

Também na literatura e na música houver alguns destaques. Um deles foi o arquidiácono Laurentius David Bolhagen (1683-1738), que teve a sua formação na Universidade de Greifswald e que, em meio a sua vasta literatura de cunho religioso, editou diversos livretos de orações e, em 1724, o Hinário Pomerano em Stettin (Pommersches Gesangbuch). Continha, sobretudo, hinos de Lutero. Ainda, uma obra com orações diárias (para dias de dificuldades), para a época da colheita e para festas máximas da igreja.

sintese3Os campos da Pomerânia tiveram grande importância na introdução da batata na Europa, pois foi aqui que o rei FREDERICO II, DA PRÚSSIA (1740-1786), em 1752, iniciou a plantação da batata, que tanto alívio trouxe em épocas de fome. O seu cultivo se popularizou, sobretudo, nos povoados de Kartlow (Kartlewo) e Nelep (Nielep), ambos no município de Belgard (Bialogard) e em Regenwalde (Resko) e Köslin (Koszalin). O rei considerava esse tubérculo muito útil para alimentação do seu numeroso exército, nas crises de fome da população, para os diaristas e para aqueles que não possuíam terras. Apesar desse grande benefício, sua introdução na Prússia também gerou grandes contrariedades e acirradas reclamações por parte das Igrejas Católica e Luterana, que nela viam uma planta não referenciada na Bíblia.

sintese4Em 1807, 50 ANOS ANTES DA EMIGRAÇÃO PARA O BRASIL, o exército de Napoleão Bonaparte ocupou a Pomerânia. O estacionamento dessas tropas até o ano de 1813 novamente trouxe uma grande destruição. Em 09 de outubro de 1808, o governo prussiano promulgou uma lei concedendo a liberdade aos trabalhadores do campo, para não mais serem obrigados a permanecerem atrelados ao serviço de um nobre.

O surto de cólera em 1831 dizimou 1058 pessoas. Nessa época Pomerânia tinha 750 mil habitantes. A partir de 1835 a economia prussiana novamente entrou em decadência. Também a plantação de batata entrou em crise devido a sua contaminação por fungos. Nessa época, a Inglaterra, assumiu a sua produção e comercialização. Desta forma passou a ser conhecida como BATATA INGLESA. Essa situação deixou a Pomerânia sem dinheiro e esfomeada. Também os reflexos da REVOLUÇÃO INDUSTRIAL sobre a Pomerânia deslocaram muitos trabalhadores do campo para estaleiros, fábricas de âncoras, cordas e sabão, sobretudo de Stettin (Szczecin), onde passaram a ter um ganho muito reduzido.

A partir de 1850, muitos dos seus ferreiros e artesãos, além de muitos agricultores, por falta de trabalho, tiveram que emigrar com suas famílias para muitos lugares pelo mundo afora, inclusive para o Brasil.

ESTADOS UNIDOS: Há referências de vinda de pomeranos entre 1680-1760 para os Estados Unidos. Mas o ano oficial da imigração é 1835, quando Züngler convidou os pomeranos através da “Carta de Búfalo”. A Carta mencionava que tinha trabalho para todos e liberdade de culto. Nos Estados Unidos, os maiores contingentes foram para Milwaukee, Freistadt, Theresa e Lebanon, Michigan, New York, Búfalo, Austin, New Braunfels, Minnesota e Alaska.

No CHILE, em 1820, alguns imigrantes se fixaram no arquipélago de Chiloé.

Também partir de meados de 1840, muitas famílias da Pomerânia se fixaram na AUSTRÁLIA, convidados por William Westgarth, sobretudo em Melbourne (Westgarthtown, Doncaster, Harkaway, Geelong e Grovedale) e em Westgarthtown (Thomastown). Muitos se tornaram criadores de gado leiteiro, plantadores de frutas e de uvas.

Em 1850, outra grande leva também chegou na GUATEMALA E NICARÁGUA para trabalharem nas lavouras de tabaco, café, açúcar e algodão.

Um bom número também seguiu para a Namíbia, na ÁFRICA, onde foram trabalhar nas minas.

No BRASIL, no estado de Rio Grande do Sul, em 01/11/1857, a fixação dos imigrantes aconteceu em Cerro Chato, Colônia Santo ngelo, atual município de Agudo. Na época o Diretor da Colônia era o tenente do Reino da Prússia, Karl Hermann Johann Adam, o Barão von Kahlden (1831-1910), que administrou a Colônia de 1857 a1882. Entre seus primeiros imigrantes, embarcados via Hamburgo, se encontavam: Franz Pötter, natural de Sorenbohm (Sarbinowo), Peter Finger, natural de Kiepersdorf (Kiszkowo), Julius Neyahr, natural de Todenhagen (Dobre), Daniel Fiss, natural de Kordeshagen, Wilhelm Holtz, (todos vindos do município de Köslin-Koszalin), Karl Wilke, Ernest Laasch, Friedrich Röpke, Karl Streck e Friedrich Brunow. (Em Kordeshagen, a família nobre dos Hohenfelde em 1780, morava numa mansão, com criação de ovelhas, moinho de vento, um ferreiro e 13 casas de colonos).

Os primeiros 88 imigrantes pomeranos que em 18 de janeiro de 1858 chegaram a SÃO LOURENÇO DO SUL, no Rio Grande do Sul, vieram do povoado de Neustettin (Szczecinek), uma região plana e com muitos lagos. Além do trabalho na lavoura, eram exímios fabricantes de doces, compotas, geleias, frutas cristalizadas, sopa de pêssego e da famosa iguaria peito de ganso defumado. Das penas de ganso faziam acolchoados. A fama destes produtos correu toda Pomerânia e, no século XIX estes produtos chegaram a ser exportados para os países escandinavos.

Durante os meses de maio a outubro colhiam flores no campo, as secavam para a preparação de guirlandas que deveriam enfeitar suas casas e os altares de suas igrejas.

As primeiras lavouras de algodão e também de tabaco de corda em São Lourenço do Sul não tiveram sucesso. Já a partir de 1863 passou a ocorrer o cultivo da batata. Este teve boa aceitação tanto nos mercados do Uruguai como nos armazéns portugueses do porto do rio São Lourenço do Sul. Daqui o produto era transportado em chatas até o Rio de Janeiro.

Em 28 de junho de 1859 as primeiras levas de pomeranos também chegaram a SANTA LEOPOLDINA no Espírito Santo. Entrando por Vitória, seguiram de canoa pelo rio Santa Maria da Vitória até a região de Porto do Cachoeiro (atual Santa Leopoldina). Ao todo foram 117 imigrantes, que logo tomaram posse de seus lotes e passaram a se dedicar, sobretudo, ao cultivo de café. Um dos moradores antigos de Santa Maria de Jetibá, Franz Dettmann, comentava que seu avô, aos quatro anos de idade tinha vindo da aldeia de Nelep (Nielep) no município de Belgard (Bialogard). Hoje está sepultado no antigo cemitério de São Sebastião. “Aprendi com meu avô que, quando derrubasse uma árvore e quisesse guardar a madeira, o corte das árvores deveria ocorrer em fase de lua minguante, principalmente nos meses de maio, junho, julho e agosto, meses que não possuem a letra ¨r¨. A madeira seria boa e mais resistente.”

Para a cidade de POMERODE, em Santa Catarina, os primeiros emigrantes chegaram a partir de 1861. Estes, em sua maioria, eram provenientes das regiões de Belgard, Regenwalde, Naugard e Köslin, como as famílias Weege (1868), Harckbart (professor em Latzig-1869), Lüdtke, Piske, Ramlow, Ristow e Kankelfitz. Para a região de Testo Central Alto em 1887 chegaram as famílias pomeranas Reinke, Maass, Hoge, Güths, Radünz, Hein, Scheiwe, Borchardt e Rusch; estas duas últimas famílias eram oriundas de Plathe (Ploty) no município de Regenwalde (Resko).

Também para a região sudoeste da ÁFRICA, atual Namíbia, a partir de 1877, muitos foram trabalhar na exploração de pedras preciosas.

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