POMERANA

Coluna Pomerana

A rainha Luise, da Prussia, em visita aos pomeranos

Publicado em 06/08/2018 às 17:02

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Quando era aluno do Curso de Diaconia, na Fundação Diacônica Luterana, em Lagoa, distrito da cidade de Afonso Cláudio, gostava de sair com meus colegas para apresentar teatro, música e danças folclóricas para as comunidades capixabas. Nós alunos coordenados pelos Professores, Remi Klein, Ires Lausmann, Diacóno Rolf Sporket, Hélio Gerson Konrad e Pastor Ervino Schmidt, entre 1973 a 1975 viajávamos e permanecíamos alguns dias nas diferenes comunidades. Erámos hospedados nas casas de membros das paróquias locais. Desse modo estávamos em constante contato com a língua, tradições e costumes pomeranos e da gente simples do trabalho de campo.

Quando nos hospedamos na casa de Ernesto Bull, no interior de Santa Maria de Jetibá/ES, ele sempre gentil, mostrava fotos antigas de seus antepassados. No baú no sótão, havia cartas de correspondência com os entes queridos que permaneceram na Pomerânia. Tudo era guardado com esmero. No quarto de hóspede havia colocado várias fotos antigas, havia uma Kinavaich (berço de madeira balançante) e numa das paredes o retrato antigo do navio Dr. Barth que trouxe seus avós de Hamburgo para o Rio de Janeiro.

Com o tempo, ele sempre alegre com as visitas, nos recebia com o seguinte slogan e brincadeira: “…a mulher pomerana é muito bonita.” Perguntávamos de onde vinha esta expressão. A resposta veio na hora; “Minha avó sempre a falava. Não tive curiosidade de lhe perguntar. Somente muito mais tarde vim a saber a origem desta observação”.

rainhaDepois disto se passaram anos, até que em maio de 2011, com o incentivo do industrial Sr. Wander Weege de Jaraguá do Sul/SC e com o guia Fred Ullrich, cheguei a conhecer a Pomerânia. Conheci diversos museus e bibliotecas. Pesquisei um pouco mais sobre a história dos pomeranos. No Arquivo da Biblioteca da Ostsee-Akademie im Pommern-Zentrum de Lübeck (Alemanha) encontrei um livro antigo com uma história que teria ocorrido na cidade pomerana de Stargard, em 25/05/1798 e que gostaria de relatar:

rainha2A rainha da Prússia, Luise Auguste Wilhelmina Amalie, duquesa de Mecklenburg-Strelitz, era muito popular na Pomerânia. Casada com Frederico Guilherrme III (rei da Prússia entre 16 de novembro de 1797 e 7 de junho de 1840), gostava muito da Pomerânia. Quando podia, viajava pelas estradas planas, visitando camponeses para conhecer a vida no campo e as tradições do povo.

Na sua visita ao povoado de Stargard em maio de 1798, foi recebida com flores por 19 crianças. Na realidade deveriam ter sido 20 crianças, mas como uma delas se considerava feia, foi embora antes da rainha chegar, temendo não ser gostada pela soberana. A rainha Luise recebeu com muita alegria as 19 crianças e conversou com elas.

Ao saber que uma delas tinha ido embora, mandou a guarda real buscá-la na sua casa. Aguardou pacientemente até que viesse à sua presença. Ao vê-la a rainha Luise, desceu da carruagem e foi ao seu encontro para conversar com a jovem, dizendo-lhe: “No meu reino não há jovem mais bonita que você e nem sua rainha tem beleza igual à sua”.

Temos que conhecer mais relatos como o descrito acima, que nos mostram que aquele povo, apesar de sua vida difícil para os conceitos de hoje, também era amado. Temos que conhecer um pouco mais sobre a vida simples desta população de maioria camponesa, dos seus sonhos, da sua música, religiosidade, das suas lendas e superstições.

rainha3A história da Pomerânia pode ser encontrada nos livros históricos e em antigas enciclopédias. Precisamos conhecer mais sobre a formação destes ducados, a partir do século XI, sobre o feudaslismo, as guerras, sua economia e a sua política.

Certamente ainda temos muito pouco material escrito. Ainda há muito por ser revelado e mais informações, por vezes difíceis de serem encontradas e, quando existem, são escritas em língua alémã, por vezes de difícil leitura para a maioria dos pomeranos das gerações mais novas. Ainda é tempo de conversarmos com a geração mais antiga para obtermos mais dados sobre a nossa gente que, saindo da Pomerânia, chegou ao Brasil.

Também a Folha Pomerana desta forma consegue repassar um pouco mais de informações do/as descendentes daqueles que de lá vieram e sobre aqueles que de lá viveram, para que os daqui possam entender melhor a complexa história milenar do povo pomerano.

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