“Não teremos campanha fácil, independente de quem for o concorrente”
Publicado em 24/07/2018 às 18:05
Considerado um dos principais pré-candidatos ao governo do Estado, Renato Casagrande (PSB), que já foi governador do Espírito Santo, conversou com exclusividade com a reportagem do Portal Montanhas Capixabas. Ele falou um pouco sobre seus projetos para o governo estadual, caso seja eleito, e também sobre o novo cenário político, com a desistência de reeleição do atual governador Paulo Hartung (MDB).
Casagrande, que segundo pesquisa publicada na última semana lidera a corrida política ao governo estadual, garante que irá fortalecer as áreas de saúde, educação, segurança e investir em infraestrutura caso seja eleito. Ele também criticou a paralisação de diversas obras deixadas pelo seu governo e garante que a campanha não será fácil, independente de quem seja o concorrente.
Montanhas Capixabas – O senhor tem percorrido todo o Estado. O que mais tem ouvido da população?
Renato Casagrande – O que eu tenho feito junto às comunidades é debater uma proposta de governo. Eu farei isso até o dia 15 de agosto. Estou construindo a proposta coletivamente com a sociedade capixaba, para a campanha que será a partir do dia 16 de agosto.
“Estou construindo a proposta coletivamente
com a sociedade capixaba”
A sociedade deseja que tenha um governo mais democrático, que dialogue mais com a sociedade. Deseja que possamos governar com mais responsabilidade, principalmente em quatro áreas que julgo mais necessárias, que são a saúde, a educação, a segurança e o retorno de obras de infraestrutura em todo o Estado.
E quais são seus projetos para essas quatro áreas?
As pessoas pedem muito serviços de saúde com mais qualidade. Demora-se muito para conseguir um exame, uma consulta com um especialista, se desloca muito longe para fazer hemodiálise. Tudo é muito demorado. Temos que descentralizar os serviços de saúde.
“Temos que ter respeito à polícia e
incentivar novamente esse setor”
Outro ponto que a população pede muito é o resgate do Estado Presente, que deu prioridade à segurança pública. As pessoas estão andando amedrontadas com o aumento dos crimes contra patrimônio, inclusive no interior, nas propriedades rurais. Temos que ter respeito à polícia e incentivar novamente esse setor.
O terceiro ponto é a educação de qualidade em todas as escolas. Não podemos ter educação de qualidade em apenas algumas escolas. Temos que reabrir algumas escolas que foram fechadas, recompor a educação de jovens e adultos, a EJA, já que em muitos municípios não há mais a possibilidade de estudar a noite. A educação precisa ser um instrumento de inclusão, não de exclusão. Hoje temos alguns com educação de qualidade e muitos com educação sem o apoio necessário para essa qualidade. Já tenho conversado com o Ifes e Ufes para ter também uma qualificação permanente dos professores.
“A educação precisa ser um instrumento
de inclusão, não de exclusão”
O quarto ponto é o retorno de obras de infraestrutura, pois há muita demanda. O governo atual paralisou quase todas as obras e não há um planejamento em infraestrutura, temos que retornar essas obras, pois ajudam muito a desenvolver a agricultura, o turismo e às empresas, para que possam transportar seus produtos.
Falando um pouco mais sobre esses assuntos, a educação integral vai ser mantida?
A educação integral está no Plano Estadual de Educação e no Plano Nacional de Educação. Até 2024 o Estado tem que ter pelo menos 50% dos alunos com educação em tempo integral. Vamos ter que agilizar para atingir essa meta em 2024. Essa é uma conquista da sociedade capixaba e brasileira. Esse plano foi elaborado quando a gente estava no governo e foi aprovado em 2015. Temos que ampliar esse trabalho.
Sobre a saúde, o que já está sendo planejado?
Temos que descentralizar os serviços médicos. Já tínhamos feito em nosso mandato os centros de especialidades médicas em Domingos Martins, em Santa Teresa, em Nova Venécia, em Linhares e em Guaçui. O governo atual batizou de Rede Cuidar, mas fomos nós que construímos e fizemos o projeto. Agora temos que descentralizar e organizar os serviços junto aos consórcios de saúde para que possamos prestar o serviço perto da residência da pessoa.
O hospital de Domingos Martins está passando por uma intervenção e tem recebido menos repasses estaduais nos últimos anos, o que ajudou a complicar a situação financeira. O que o senhor tem a falar sobre isso?
Penso em apoiar o hospital de Domingos Martins. Lógico que tenho que chegar ao Governo e avaliar as condições financeiras do Estado. Mas, a saúde precisa de uma atenção especial do Governo, e eu darei. Nós teremos condições de dar um apoio maior a esse hospital do que tem sido dado. O tamanho disso vai depender das condições financeiras do Estado. Nós já ajudamos muito esse hospital e queremos voltar a ser parceiros.
Quando o senhor deixou o governo haviam muitas obras iniciadas que foram paralisadas. O senhor acha que essa atitude foi mesmo necessária?
Não tinha essa necessidade. A Lei de Responsabilidade Fiscal exige que quando se começa uma obra, é preciso ter dinheiro em caixa. Então, não tinha necessidade. E o Estado estava com as contas saudáveis e poderia até buscar recursos de financiamento, o que é normal no setor público. Deixei o Estado com 26% da Receita Corrente Líquida com dívida. É um percentual muito baixo e havia um espaço para ter um plano de investimento.
“Para as obras que deixei
iniciadas já havia dinheiro”
O que estou querendo dizer é que para as obras que deixei iniciadas já havia dinheiro, e o Estado poderia iniciar outras se quisesse. Montaremos um plano de investimentos de infraestrutura. Fizemos muito em quatro anos, e se eu tiver a oportunidade, faremos muito mais.
Falando sobre o cenário político, muita coisa mudou nos últimos dias com a desistência do atual governador em disputar a eleição. O senhor acha que ficou mais fácil as eleições, já que o senhor aparece em primeiro lugar em todos os cenários de acordo com as últimas pesquisas?
Não tem campanha fácil. A eleição nem começou ainda. Não teremos campanha fácil, independente de quem for o concorrente. Eu coloco na cabeça dos meus amigos, amigas e colaboradores que é preciso convencer as pessoas, primeiro a votar, porque muita gente está desestimulada com a política.
Em segundo, para termos sucesso, as pessoas precisam compreender o que a gente quer para a sociedade capixaba para os próximos quatro anos. Temos que mostrar que o nosso plano de trabalho é o melhor. O quadro político se alterou, é verdade, mas o que eu tenho feito no Estado, não mudou uma vírgula. A minha agenda não mexeu nada desde que o quadro político se alterou.
E o senhor espera ter um maior número de partidos em sua convenção?
Vamos ter uma boa coligação. Não muito grande, mas que vai me permitir ter um bom tempo de televisão e de rádio.