Coluna Pomerana
Um portal para o passado
Publicado em 21/05/2018 às 11:32
Predominantemente sempre referenciamos a Pomerânia como uma região com muitos campos e seus agricultores, no entanto, ela também tinha grandes cidades e respectivos centros comerciais/industriais, entre elas, se destaca a cidade de Stettin situada ao leste do rio Oder sendo a capital da Pomerânia de 1720 e 1945. Stettin, ao longo de sua história sempre foi ocupada por diversos países (a Pomerânia como um todo), como suecos, franceses, entre outros. A cidade possui uma quantidade exuberante de rios, lagos, bosques e parques. Seu plano urbanístico se assemelha ao de Paris, principalmente por ter sido reconstruída na década de 1880 de acordo com o projeto de Georges Eugéne Haussmann, que havia redesenhado a capital francesa sob o domínio de Napoleão III. Possivelmente essa influência seja um legado da época da ocupação dessa região pelos franceses. Uma característica por exemplo que traz similaridades entre Stettin e Paris são as rotatórias/rótulas nas ruas, sendo Paris a cidade do mundo com o maior número delas e Stettin também possui grande número deste recurso rodoviário, por isso, em muitas ocasiões Stettin era conhecida como a “Paris do Norte”.
Fig. 1 – Registro do vilarejo ao redor do Pórtico do porto de Stettin (localizado à esquerda da imagem) no início do século XX. Foto: Revista Zeitschrift für Bauwesen
Mas falar da capital da Pomerânia é falar de mar e porto, pois a cidade se situa as margens do Stettiner Haff (uma espécie de laguna ou baía também denominada de Oderhaff ou Pommersches Haff) com intensa atividade pesqueira. Por volta da metade do século XIX, já contava com o mais importante porto do Mar Báltico, e, consequentemente da Pomerânia. Sendo a capital da Pomerânia, ou seja, o maior centro comercial/ industrial e administrativo de toda a região, os pomeranos consequentemente tinham contato com a “cidade grande”, e muitos, com o Porto, já que era um dos locais pelos quais deixavam sua terra natal e partiam para o mundo. Desta forma, muitos imigrantes que aqui chegaram partiram desta cidade. Com essa inspiração, numa viagem à Europa em que o ex prefeito Henrique Drews Filho (in memorian) se deparou com o Portal Portuário da cidade de Stettin, sugeriu uma parceria pública/privada com o empresário Wandér Weege para a construção de uma réplica deste portal na cidade de Pomerode.
Fig. 2 – Comparativo arquitetônico do Portal de Stettin e de Pomerode. Note que ambos são bastante similares, inclusive nos acabamentos. Foto: editadas por Genemir Raduenz
Ambas as famílias Drews e Weege por exemplo são imigrantes pomeranos, e o projeto da réplica do pórtico visava expressar esse lastro e suas raízes históricas com a Pomerânia. Desta forma, em 12 de agosto de 2000 inaugura-se o Pórtico Wolfgang Weege (também conhecido como Portal Norte) em homenagem ao fundador da Malwee Malhas. Na ocasião o empresário Wandér destacou que “A obra representa uma homenagem a todos os imigrantes e atuais famílias que fizeram e fazem de Pomerode uma cidade ordeira, trabalhadora e de exemplo nacional”.
Fig. 3 – Museu Nacional de Stettin projetado por Robert Konieczny em um belo exemplo de revitalização da cidade. Foto: www.dezeen.com/2016/11/18/national-museum-szczecin-robert-konieczny-kwk-promes-world-building-year-2016/
Quanto a réplica em Pomerode destaca-se que a mesma reflete em 99% a original, sendo que se procurou ter inclusive o mesmo número de tijolos, Atualmente o portal de Pomerode é uma referência arquitetônica e turística da cidade, já o portal da antiga Pomerânia continua presente na paisagem de Stettin, no entanto, como destaca o escritor Olavo Raul Quandt no livro “Mil Pomeranos”, a partir de 1945 pós segunda guerra mundial a cidade de Stettin passou a fazer parte da Polônia e hoje é denominada de Szczecin (denominação da cidade na língua eslava). Considerável parte da cidade foi revitalizada, um exemplo é o novo Museu Nacional de Stettin que recebeu em 2016 o prêmio de edifício do ano no World Architecture Festival (WAF) em Berlim, pois consiste num moderno espaço de exposições no subterrâneo e na sua cobertura o acesso é integrado à praça, ou seja, o telhado se integra a praça no qual há a circulação de pedestres e ciclistas (a ideia dessa cobertura plana é lembrar o relevo das planícies pomeranas). Por fim, Stettin sempre exerceu um importante referencial geográfico, pois funciona como uma espécie de fronteira entre Alemanha e Polônia, e ainda, atualmente detém o maior porto da Polônia.
Museu Nacional de Stetin
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/799786/museu-nacional-em-szczecin-de-robert-konieczny-plus-kwk-promes-e-eleito-o-edificio-do-ano-no-waf-2016