UEPA resgata criação de galinhas caipiras e abelhas sem ferrão
Publicado em 01/01/2018 às 09:55
A Unidade Experimental de Produção Animal Agroecológica (UEPA), localizada na Fazenda do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) de Linhares, realizou ações de divulgação, capacitação, formação, socialização, valorização e popularização do conhecimento agroecológico no ano de 2017.
Durante esse ano, foram feitas visitas individuais ou coletivas, eventos na unidade ou fora dela, cursos, oficinas, dia especial, demonstração de métodos, troca de saberes, palestras, mutirões, dia de campo, etc.
Entre os eventos mais significativos do ano, destacaram-se a visita do grupo de mulheres da brigada dos acampamentos do Norte do Espírito Santo, com 24 participantes; o Encontro de Agroecologia, na Fazenda Experimental de Linhares; a Videoconferência (Webinar) “Crianza agroecológica de gallinas” para o público da International Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM) América Latina e Caribe; e a visita de aproximadamente 60 estudantes do Assentamento Sezínio. Em três anos, estima-se a participação direta de mais de 3 mil pessoas nas atividades da UEPA.
A unidade já disponibilizou para os agricultores, por meio do projeto “Um novo olhar sobre os sistemas tradicionais: inovação e socialização de tecnologias para a transição agroecológica da produção animal”, cerca de 25 galos para fins de reprodução, sementes de milho da variedade ‘Capixaba Incaper 203’, kits de calcário calcítico, mudas de rami (Boehmeria nivea), manivas de mandioca (Manihot esculenta), mudas de plantas medicinais como terramicina (Alternanthera brasiliana) e confrei (Symphytum officinale), 250 pupas de besouros tenébrios (Tenebrio molitor), caixa armadilha para criação de larvas da mosca soldado negro (Hermetia illucens), caixa para criação de abelhas sem ferrão, iscas-pet para enxames de abelhas sem ferrão e cerca de 200 dúzias de ovos para chocar.
“As ações da UEPA estão em conformidade com o Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Incaper (Proater) e valorizam as experiências concretas de agricultores, grupos de mulheres e poder público no desenvolvimento da avicultura e criação de abelhas agroecológicas”, informou a extensionista Maíra Formentini.
Ela disse que os beneficiários dessa unidade são os agricultores familiares, grupos de jovens, grupos de mulheres, assentados, quilombolas, indígenas, estudantes, agentes de Ater e gestores públicos do Território Juparanã, em especial dos municípios de Aracruz, Ibiraçu, Linhares e Sooretama.
Além disso, o projeto estimula a formação de redes de trocas de recursos genéticos, como troca de galos, permuta de enxames de abelhas sem ferrão e sementes, e ações solidárias instituídas nos momentos de troca de saberes que ocorrem nos eventos de formação, com a partilha de recursos da agrobiodiversidade, onde não só a UEPA disponibiliza recursos, mas também os agricultores que trazem recursos de suas propriedades para trocar.
Perspectivas 2018
Segundo a extensionista Maíra Formentini, no ano de 2018 será dado continuidade às ações desenvolvidas pelo projeto, para socializar e difundir o conhecimento agroecológico. “Continuaremos recebendo visitas e realizando eventos e oficinas. Ainda estamos coletando dados de experimentos e terminando de organizar o BIHOTA (Laboratório de Bioinsumos e Homeopatia), onde serão feitas análises e testes de fontes alternativas de alimentação animal e de produtos fitoterápicos, homeopáticos e bioterápicos”, informou Maíra.
A UEPA também dará apoio às famílias que serão atendidas pelo Projeto Dom Helder Câmara, que irá trabalhar com agricultores familiares e pescadores da pobreza e extrema pobreza nos municípios de abrangência da Sudene.
Resgate de saberes tradicionais
A UEPA faz um trabalho de resgate, melhoramento e multiplicação de recursos genéticos de galinha caipira e abelhas nativas e todo o saber associado à avicultura tradicional e meliponicultura, que implicam na conservação de um patrimônio biocultural de valor imprescindível para as comunidades tradicionais e científica.
A proposta do projeto prevê a melhora do autoconsumo da própria família com alimentos livres de agrotóxicos e transgênicos, ricos em fontes de energia, como o mel; proteínas, como ovos, carne de frango e pólen; sais minerais e vitaminas, como mel de abelhas africanizadas e sem ferrão.
Assim, além da importância de estimular a memória e o resgate de atividades tradicionais atualmente esquecidas e devolver às comunidades envolvidas informações relevantes sobre os sistemas tradicionais de criação animal, o projeto enfatiza o enorme potencial da atividade como abastecedora do mercado interno nas propriedades rurais dos agricultores e agricultoras familiares, nas aldeias indígenas, assentamentos e comunidades quilombolas, que representam um número de consumidores bastante expressivo e que necessita de ser atendido com alimentos saudáveis e com baixos custos.