Banda completa 60 anos de histórias, amizades e muitas músicas
Publicado em 27/08/2017 às 14:48
A paixão pela música despertou no então jovem Guilherme José Brickwede o desejo de criar uma banda musical em Domingos Martins. Autodidata, Willy, como é popularmente conhecido, comprou alguns livros de música e começou a estudar. Ele juntou alguns amigos e montaram a banda. Isso ocorreu há 60 anos, e até hoje a Banda Cultural Martinense se mantém firme em seu propósito de encantar ao som de instrumentos de sopro e de tambores.
A ideia de criar a banda surgiu em 1955, após um conjunto do município de Santa Maria de Jetibá, que tocava músicas sacras, ter se apresentado em Campinho, sede de Domingos Martins. Dois anos mais tarde, mais precisamente em 24 de junho de 1957, a Banda Cultural Martinense realizava sua primeira apresentação, durante o Culto em Ação de Graças pela Colheita, promovida pela igreja Luterana da sede do município.
Além do Sr. Willy, faziam parte daquela primeira formação os músicos e amigos Arthur Schneider, Roberto Schneider, Waldemiro Alberto Hulle, Augusto Faller, Osvaldo Faller, Galdino Waiandt e Edmundo Littig. De início, os oito componentes começaram tocando músicas sacras, como as canções, em alemão, Nun danket alle Gott (Dai graças ao Senhor), Lobe den Herren Mächtingen (Alma, bendize) e Grosser Gott wir loben dich (Ó Senhor dos altos céus).
Os planos foram crescendo, como conta Willy, e eles resolveram aumentar o repertório da banda. “Eu sempre gostei muito de música, então falei que poderíamos ampliar o repertório da banda. Foi aí que compramos os primeiros instrumentos, que até hoje utilizamos em algumas apresentações”, conta o músico de 92 anos.
Com o tempo, a banda foi incluindo instrumentos de percussão, como tarol (caixa) e pratos, e de sopro. As composições de músicas também começaram a surgir, muito por conta dos estudos do Sr. Willy, que criou várias canções que eram apresentadas pelo grupo. “A nossa primeira canção que tocamos, foi uma música alemã, porque antigamente o alemão era ensinado nas escolas, e ficou muito conhecida. Na tradução para o português se chama ‘Alegre é a vida do cigano’”, conta Willy.
Dos oito integrantes da primeira composição da banda, apenas o Sr. Willy ainda está vivo e participa dos ensaios na sede própria que a banda conquistou, localizada em Campinho, sede de Domingos Martins. Atualmente, há um jovem de 17 anos entre os 15 integrantes da banda, que se apresenta nas festividades tradicionais do município e de cidades vizinhas.
Durante esses 60 anos de vida, o Grupo Cultural Martinense nunca interrompeu suas atividades e já se apresentou em várias partes do Estado e também fora dele, em festas nacionais, como a Oktoberfest de Blumenau, em Santa Catarina, a festa do município de Sete Lagoas, em Minas Gerais, além de eventos em São Paulo e no Rio de Janeiro.
92 ANOS DE MÚSICA – Além de tocar saxofone soprano, Sr. Willy, aos 92 anos, também se arrisca na flauta e no violão. Ele, que já compôs várias conhecidas músicas do povo martinense, dentre elas o hino do município e a canção principal da Sommerfest, fala sobre as músicas da atualidade. “Para ser sincero, essas músicas não são do meu agrado. Eu sou de outra época, fiz muitas serestas quando era rapaz, gosto de músicas antigas. Mas também não digo que não existem músicas novas que são boas, só que muitas letras não me agradam”, conta Willy.
RETORNO PARA A REGIÃO – Atual presidente do grupo, Ronaldo Salles de Sá conta que a banda vem se apresentado em várias localidades de Domingos Martins e dos municípios vizinhos, em festas tradicionais. “Tocávamos há mais de 10 anos, em Campo Grande, Cariacica. Aí fizemos uma reunião e vimos que as pessoas pediam para nós tocarmos aqui na região. Então fizemos uma votação e resolvemos voltar. No feriado religioso Corpus Christi, tocamos em Santa Maria, em Marechal Floriano, e também na procissão da localidade de Paraju, aqui em Domingos Martins”, conta Ronaldo.
A banda é uma verdadeira família, prova disso são os músicos que passaram seus dons para os filhos, que hoje também participam das apresentações. “Hoje, dentro da própria banda temos gerações de famílias, pais passando os ensinamentos para os filhos. A nossa ideia é manter esse espírito, que o seu Willy fala, de amizade, e de compromisso com a música, sem muitos elementos eletrônicos”, ressaltou o presidente.
TRADIÇÃO MUSICAL – Mesmo com as várias formações ao longo da história do grupo, as tradicionais marchinhas, além das músicas alemãs, italianas e portuguesas, nunca faltaram no repertório das apresentações. “Antigamente as rádios começavam a tocar as músicas de carnaval em setembro, e dessa forma nós aprendíamos as letras e melodias. No carnaval, a gente costuma tocar as músicas antigas, porque é nossa tradição e também porque as músicas mais atuais, muitos componentes não conhecem”, conta Sr. Willy.
QUER PARTICIPAR? – Os ensaios do grupo são marcados com antecedência pelos componentes, acontecendo geralmente às quartas-feiras. A sede fica localizada na Rua Bernardino Monteiro, em Campinho. A banda está aberta para os interessados, que, de preferência, tenham aptidão em algum instrumento musical. Os interessados podem entrar em contato pelo número: (27) 99982-0772.