Sesa inicia plano de regionalização da atenção hospitalar

Publicado em 15/04/2017 às 14:27

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A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) está dando mais um passo importante para a organização da rede de atenção à saúde no Espírito Santo. O primeiro encontro de elaboração do plano diretor de redes hospitalares para o estado e suas regiões, realizado nesta quarta-feira (12), teve como objetivo fazer uma apresentação geral do projeto de reorganização da atenção hospitalar em redes regionalizadas, seguindo a mesma lógica que vem sendo aplicada na reorganização da atenção primária e da atenção ambulatorial especializada.

“Nós estamos fortalecendo o SUS. Isso precisa ser uma obra coletiva ou não vamos conseguir fazer nada. Estamos fazendo a reformulação da regionalização da saúde com o fortalecimento da atenção primária, que é a porta de entrada do Sistema. A Rede Cuidar é o nosso exemplo. Vamos garantir o atendimento mais próximo do cidadão, com qualidade de vida. Nós estamos dando mais um passo para implementar este modelo com qualidade no atendimento. Com isso, vamos reduzir o impacto na nossa rede hospitalar”, disse o secretário de Estado da Saúde, Ricardo de Oliveira, em sua apresentação no encontro.

A gerente de Regulação e Ordenação do Sistema de Saúde da Sesa, Joanna De Jaegher, ressaltou que os hospitais não podem ser pensados isoladamente, e disse que essa discussão se inicia num momento muito oportuno. “Tornou-se muito forte a necessidade de os hospitais entrarem nesta discussão porque não podemos discutir uma planificação da atenção à saúde e pararmos na atenção secundária”, observou a gerente, referindo-se ao projeto de planificação da atenção à saúde que já está em curso no âmbito da atenção primária e da atenção ambulatorial especializada, e que tem como um de seus produtos a criação da Rede Cuidar.

Joanna salientou que os hospitais fazem parte do processo de atenção à saúde, por isso precisam ser trabalhados dentro da planificação. “As evidências mostram que quando se trabalha em rede e com uma atenção qualificada lá na atenção primária e na atenção secundária, evitam-se as internações e os agravamentos das doenças”, comentou a gerente, ressaltando que o objetivo de todo esse trabalho articulado e desenvolvido junto com os municípios capixabas é atender melhor a população.

Joanna informou que a maior carga de doenças no sistema público de saúde capixaba são as doenças cardiovasculares, 70%. Essas também são as que mais agravam, gerando internações que muitas vezes poderiam ser evitadas. De outro lado estão as necessidades materno-infantis, que em algum momento vão precisar da rede hospitalar, além de outras doenças clínicas, como as neoplasias (cânceres), a necessidade de cirurgias eletivas, entre outras questões.

“No que diz respeito à atenção primária, o objetivo é cuidar para que o paciente não piore seu quadro de saúde, para que ele possa controlar a hipertensão, ter o diabetes sob controle, para que a gravidez seja conduzida de forma adequada, com pré-natal, e que não precise de UTI para a criança ao nascer, para que a mãe não complique durante o parto. Tudo isso tem impacto na rede hospitalar e é por esse motivo que precisamos trabalhar em rede”, detalhou Joanna.

A gerente conta que serão sete meses de trabalho, com estudos, debates e proposições para que se chegue a um plano diretor das redes hospitalares estaduais, pensando questões como “Do que a população adoece?”, “Quais são as causas de morte?” e “O que é preciso trabalhar dentro da rede hospitalar para atender a essas necessidades?”. A partir daí, cada hospital, considerando a si mesmo como parte da rede de atenção à saude regional, terá neste plano uma diretriz para organizar os processos de trabalho e seu próprio plano diretor.

“Que os hospitais possam, a partir do plano diretor, internalizar essa metodologia para repensar seus processos de trabalho. A lógica é pensar: para atender à necessidade da rede, o que é que eu tenho que fazer? Onde eu estou e aonde eu preciso chegar?”, explicou a gerente de Regulação e Ordenação do Sistema de Saúde da Sesa.

Mas ela lembra que, em se tratando de saúde, a escala deve ser considerada. Portanto, existem algumas situações em que a escala não é regional; pode ser estadual e até nacional. “No caso de doenças raras, por exemplo, que atingem uma parcela muito pequena da população, não justifica existir um hospital para esse tipo de atendimento em cada região. Para alguns procedimentos são necessários um ou dois hospitais no Brasil inteiro. Então a saúde é toda pensada em escala, mas as questões mais comuns precisam sim ser resolvidas regionalmente”, disse.

HCor

Esse trabalho de elaboração do plano diretor de redes hospitalares é orientado pelo Laboratório de Inovação em Planejamento, Gestão, Avaliação e Regulação de Políticas, Sistemas Redes e Serviços de Saúde (Ligress) do Hospital do Coração (HCor) por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), do Ministério da Saúde.

O primeiro encontro de elaboração do plano diretor foi realizado na ETSUS Vitória durante todo o dia. O evento contou com gestores e técnicos da Secretaria de Estado da Saúde, além de representantes do Ministério da Saúde, do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Espírito Santo (Cosems), da rede de hospitais filantrópicos, da rede de hospitais privados e também dos hospitais universitários e de ensino.

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