POMERANA

Coluna Pomerana

Como viviam os pomeranos na Pomerânia?

Publicado em 31/01/2017 às 18:56

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No mundo em que vivemos, cada vez mais nos deparamos com as diversas culturas dos outros povos. Quem tenta restringir-se apenas na sua própria cultura e vê-la como único parâmetro para o seu pensar e agir, passa a ser considerado uma pessoa pobre, fraca nas argumentações e insignificante para seu tempo. Conhecer outras segmentos culturias enriquece. Faz voar mais alto, como uma verdadeira águia que, do alto do seu vôo pode observar o descortinar-se de um imensurável campo de visão que lhe permite atingir seu pretendido alvo com precisão.

A cultura pomerana, mesmo sendo de um pequeno grupo dentre os povos germânicos, é rica em detalhes e cheia de constantes lutas e de sobrevivência. Na atualidade, poucos descendentes desta etnia conhecem a vida e a trajetória do seu povo e os lugares de onde seus antepassados sairam. Pobre desta Pomerânia que há muito sucumbiu e que não mais existe! Estas terras, que certamente não mudaram de lugar vale serem visitadadas, pois os seus emingrantes foram para América do Norte, para o Brasil, para a Austrália e nunca puderam voltar, nem mesmo para uma visita.

No século XVIII, nas proximidades do povoado de Kolberg (Kołobrzeg), ao final de cada novo dia de trabalho na costa do Báltico, os pescadores levavam ao mar os seus rústicos e pequenos barcos, para os trazerem abarrotados de arrenques. Assim, ao entardecer, ao longe, no mar, como que a bordo de uma silhueta dos barcos pesqueiros se identificava os pescadores pomeranos.

Era nesta costa que muitos deles ganhavam a vida, seja como pescadores ou como marinheiros da esquadra mercante da Dinamarca e da Prússia. Pois, aqui a grande maioria dos homens era formada de pescadores. Com um estilo de vida simples, viviam em suas casas com suas paredes caiadas de brancas e cobertas com colmo. Podia-se contar dez ou doze pessoas nestas vivendas, talvêz aconchegantes e aquecidas e que aos seus inquilinos davam abrigo durante os rigorosos invernos.

Na cosinha as mulheres preparavam as refeições e na sala, a parte mais ampla da casa, costumavam se reunir os demais integrantes da família. Também aqui as mulheres teciam seus fios nas velhas rocas e costuravam a roupa de toda a família. As jovens solteiras procuravam obter algum dinheiro extra tricotando meias de lã e que eram vendidas aos soldados prussianos.

Os homens cuidavam da manutenção dos seus pequenos barcos com capacidade de transportar até 5 pessoas, remendavam as redes velhas ou teciam novas para serem utilizadas na captura de arenques, sempre muito fartos na costa do mar Báltico. Já ao cair das noites dos invernos muito rigorosos a sopa de ervilha acompanhada de um pescado defumado de arenque ou de um peito defumado de ganso com pão se constiuia na última refeição revigorante de um dia de trabalho. No século XVIII alguns poucos previlegiados podiam se aquecer ao sabor de um cálice de vinho quente.

Nesta ápoca as mulheres da costa do Báltico foram as primeiras em toda Pomerânia a fazerem bordados em alto relevo em suas blusas e casacos. Na cabeça sempre portando uma touca bem apertada, geralmente de cor branca, costumava vir transpassada por pano duplo, não só pelo frio no inverno rigoroso, mas também pelos ventos uivantes que, durante a época mais fria de outubro a março, costumva deixar as muitas pessoas mais melacólicas. As moças solteiras ostentavam duas longas tiras caídas sobre os ombros, enquanto que as casadas costumavam apresentar um laço como sinal do seu estado civil. A indumentária da população litorânea da costa Báltica era um pouco diferente daquela utilizada pelos habitantes do interior da Pomerânia. Os pescadores geralmente vestiam calças de cor bege ou branca, muito fina e bem largas, pois frequentemente, entravam no mar, empurrando seus barcos, para vencerem as primeiras ondas. Uma vez a bordo, os ventos fortes e constantes, rapidamente secavam suas vestes. A túnica, por assim dizer, era uma imitação do uniforme do exército prussiano do início do século XVIII. Isto, porque, para os pomeranos, sempre foi um grande orgulho ter um filho servindo o exército prussiano.

Paula Gabe, com 95 anos e moradora em Ibirubá, no Rio Grande do Sul, sempre conta essa estória da família:

“… Meu avó chorava muito na viagem para o Brasil em 1858, pois trouxe toda família, menos seu filho August que ficou na Pomerânia servindo o exército prussiano. Mas, por outro lado se orgulhava pelo filho que antes era agricultor e agora era um verdadeiro soldado”.

Desde os tempos das antigas civilizações a vida dos pescadores pomeranos junto ao mar Báltico não foi nada fácil. O seu trabalho exigia astúcia e diariamente enfrentavam, com muita coragem e persistência, as épocas de calmaria, os tempos brumosos, os dias de constantes ventos gélidos e os invernos rigorosos.

Na costa do mar Báltico, nos rigorosos invernos, uma camada de gelo com uma extensão de até 200 Km muitas vezes podia ser encontrada. Vindo a leste, desde a Ilha de Usedon até nas proximidades de Stolp.

Em dezembro, não poucas vezes, para atingir o mar aberto precisaram vencer uma faixa de mar congelado ao longo da praia. A fome sempre os espreitava. Assim, o inverno rigoroso de 1872 deixou os espreitava. Assim, o inverno rigoroso de 1872 deixou 217 pessoas mortas, entre
idoso e crianças.

Na Ilha de Rügen, ao longo da costa, encontram-se os altos paredões calcários, banhados nas suas bases pelas águas gélidas do mar Báltico (Fig. 4. Imagem gentilemente cedida pelo Professor Walter Volkmann, de São Leopoldo/RS.

Hinterpommern (Pomerânia Oriental)

A formação de ducados na Pomerânia começou a partir de 1062, com os nobres poloneses e germânicos. Cada região, comandada por um Duque, que estabelecia em seus domínios uma série de requisitos a serem cumpridos pelos trabalhadores da terra e pelos diaristas. Certamente as suas inúmeras Leis protegiam sobretudo os poderosos, os clérigos e os que praticavam um relativo comércio, sobrando deveres em demasia a quem de fato trabalhava na terra.

Cada ducado arrendava as suas terras e propriedades aos colonos e suas famílias. Nas áreas de matas, podia-se cortar as árvores secas e galhos secos como lenha para o aquecimento nos dias de inverno. Mas, por tudo isto era apreciso pagar ao real proprietário das terras.

O interior da Pomerânia sempre foi atrasado em relação a outras regiões prussianas. A densidade populacional era baixa. Em 1644 a situação de algumas regiões era muito difícil. Nos povoados de Cammin só haviam 20% de terras cultivadas. No povoado de Köslin, junto ao mar Báltico havia 80 Landguts (pequenos proprietários de terras) cultiváveis Também na região de Belgard havia uma perda de 70% no cultivo nas propriedades rurais. Em Naugard viviam apenas 7 casais e o povoado de Daber contava com apenas 650 habitantes.

Mesmo nas casas de ofícios, onde viviam e trabalhavam os artesãos, os pomeranos, sem nenhuma remuneração aparente, senão pelo conhecimento, refeições e moradia, realizavam um estágio de aprendizado de um ou dois anos.

Nos povoados de Demmin (de onde vem a família Tietbölhl, hoje radicada na Ilha de Rügen e em Caxias do Sul/RS), havia casas feitas com madeiras encaixadas com tarugos, esteios de sustentação compridos e pesados e portas ricamente ornamentadas em baixo relevo. Suas moradias na Pomerânia obedeciam o formato das chamadas casas do leste do rio Elba (Ostelbische Häuser). Este tipo de casa hoje é muito comum na região de Pomerode, onde a partir de 1861, a presença de imigrantes pomeranos foi sinificativo.

Em muitas casas do interior da Pomerânia a cozinha era contígua à sala de estar, constituindo-se em um ambiente único. Desta forma, no inverno frio, o calor gerado pelo fogão da cozinha, agora como uma peça mais ampla, se irradiava para as outras dependências da casa.

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