Haddad afirma que o Banco Central deve buscar o equilíbrio no valor do dólar

Publicado em 20/12/2024 às 15:50

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Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O Banco Central (BC) deve atuar no mercado para buscar o equilíbrio do dólar, afirmou nesta sexta-feira (20) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Durante um café da manhã com jornalistas, ele reconheceu problemas de comunicação na divulgação do pacote de corte de gastos, o que gerou instabilidade no mercado financeiro.

“Precisamos corrigir essa ‘escorregada’ do dólar. Não no sentido de estabelecer um nível ou meta específica para a moeda, mas de buscar um equilíbrio. Sempre que houver disfuncionalidade causada por incerteza ou insegurança no mercado de câmbio e juros, o Banco Central deve intervir para promover ajustes”, explicou Haddad.

Embora tenha defendido as recentes intervenções cambiais do BC, o ministro reafirmou que o Brasil adota o regime de câmbio flutuante, com atuações pontuais apenas em situações de disfuncionalidade. “A prioridade do Banco Central é a meta de inflação. Não cabe à autoridade monetária preocupar-se com outros fatores. O foco é trazer a inflação para a meta em um prazo adequado, mantendo a taxa de juros em um patamar restritivo”, acrescentou Haddad.

Haddad apontou que parte da recente alta do dólar se deve a fatores externos, como os resultados das eleições nos Estados Unidos e a revisão das expectativas de queda nos juros norte-americanos. No entanto, ele admitiu que falhas de comunicação interna ao divulgar o pacote de cortes de gastos contribuíram para o aumento da volatilidade no mercado financeiro.

“Houve um problema de comunicação que intensificou a valorização do dólar no Brasil em comparação com outros países. Precisamos corrigir essa situação, adotar medidas e garantir que o mercado cambial retorne a um estado funcional, sem visar a um patamar específico”, completou o ministro.

Na véspera da apresentação do pacote de revisão de gastos obrigatórios, o dólar disparou e a bolsa caiu após notícias de que o governo pretendia propor um aumento na faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para R$ 5 mil. Somente horas depois foi informado que essa medida seria compensada com a taxação de rendimentos superiores a R$ 50 mil mensais, com alíquota de 10% retida na fonte, o que, segundo Haddad, equilibraria o impacto fiscal da proposta.

Intervenções no mercado cambial

Na quinta-feira (19), o Banco Central injetou US$ 8 bilhões no mercado cambial e, nesta sexta-feira, continuou a atuar, vendendo US$ 2 bilhões em leilão à vista de dólares das reservas internacionais e US$ 3 bilhões em leilão de linha, modalidade em que o BC vende a moeda estrangeira com compromisso de recompra futura. Com essas ações, o volume de intervenções do BC em dezembro atingiu US$ 25,76 bilhões, o maior valor desde a criação do regime de metas de inflação, em 1999.

Compromisso com a reforma tributária

Haddad garantiu que as propostas de reforma do Imposto de Renda não aumentarão a carga tributária. “Esse compromisso foi firmado entre o governo, os líderes partidários e os presidentes da Câmara e do Senado. Adotamos a mesma abordagem na reforma tributária sobre o consumo, que incluiu uma trava para evitar o aumento da carga tributária”, afirmou o ministro.

Quanto à reforma do Imposto de Renda, Haddad destacou que o objetivo é manter a arrecadação estável, corrigindo distorções. “Queremos que a soma da arrecadação do IR Pessoa Física e Pessoa Jurídica permaneça estável. A ideia é ajustar as distorções existentes. No caso da renda, serão necessários vários projetos com abordagens complementares para corrigir as desigualdades de forma automática”, concluiu Haddad.

Fonte: Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil

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