Primeiro dia sem gelo no Ártico pode ocorrer em 2027, alerta estudo
Publicado em 03/12/2024 às 09:06
Foto: Freepik
Pesquisadores utilizaram modelos computacionais para estimar quando a região pode registrar um dia de derretimento completo. A redução nas emissões de gases de efeito estufa ainda pode retardar esse cenário.
De acordo com um estudo publicado nesta terça-feira (3) na revista científica Nature Communications, o Ártico pode enfrentar seu primeiro dia sem gelo marinho já no verão de 2027, um evento muito mais próximo do que os cientistas esperavam.
A pesquisa utilizou modelos de computador para prever esse marco, e os cenários mais pessimistas indicam que ele pode ocorrer dentro de três a quatro anos. Céline Heuzé, professora sênior de Climatologia da Universidade de Gotemburgo, explicou que, entre milhares de simulações disponíveis, cerca de 300 foram selecionadas como as mais realistas para a análise.
Segundo a pesquisadora, o aquecimento das correntes oceânicas tem sido crucial nesse processo, afinando o gelo e promovendo o derretimento por baixo ao longo do ano. No entanto, os novos resultados destacam que o gelo, já muito fino, é fortemente impactado por eventos climáticos extremos, como ondas de calor e tempestades.
Embora os cenários mais alarmantes apontem para 2027, a maioria das simulações sugere que o primeiro dia sem gelo marinho no Ártico poderá ocorrer entre nove e 20 anos após 2023, independentemente de mudanças nas emissões de gases de efeito estufa.
Impactos do degelo
Um único dia sem gelo no Ártico pode parecer insignificante, mas as consequências se estendem para além da região, afetando o clima global.
Heuzé ressalta que o ecossistema local depende do gelo marinho para sobreviver. Embora ainda não seja possível determinar se um único dia sem gelo seria suficiente para causar danos irreversíveis às espécies já ameaçadas, ela alerta que este evento pode marcar o início de um processo mais intenso.
“A partir do momento em que temos um dia sem gelo, aumentam as chances de perdê-lo por períodos maiores e com maior frequência”, afirma.
Além disso, a perda de gelo marinho pode desestabilizar o clima global, intensificando eventos climáticos extremos, principalmente no hemisfério norte.
Reduzir emissões ainda é essencial
Como cientistas vêm alertando há décadas, a redução das emissões de gases de efeito estufa continua sendo a principal estratégia para desacelerar o derretimento do gelo no Ártico.
Embora o degelo já ocorra em ritmo acelerado e seja amplificado por eventos climáticos extremos, qualquer redução nas emissões pode ajudar a conter o processo e mitigar seus impactos.