Arte, Crônicas e Poesia
Singela despedida
Publicado em 13/11/2024 às 13:16
Todo dia é uma despedida, um encontro de amigos, uma reunião familiar, colegas de trabalho, todos têm algo em comum: encerram com uma despedida. Mas, isso é tão corriqueiro que passa despercebido, apenas rememorado quando algo extraordinário e resoluto acontece. Logo vem à consciência tudo que foi dito e expresso com palavras e gestos, todavia o que não foi dito, a sensação de não ter aproveitado ao máximo é maior que a lembrança.
A recordação de estar com os amigos, ainda infantes, conversando qualquer amenidade, rindo por qualquer frase distorcida, sem qualquer preocupação vindoura. A simplicidade de viver plenamente um momento.
Um instante, um último olhar, tudo acabou, despercebido, o viajante que fixa o olhar sempre adiante, raramente percebe o que está diante dos olhos e de tudo que é negligenciado as marcas maiores vem das emoções alheias. Quando se depara com o ser amado partindo de forma abrupta, não importa as palavras, a saudade invade e faz morada.
Atualmente são muitas as batalhas enfrentadas, a sobrevivência está cada vez mais desafiadora, mas sem dúvida a guerra maior está dentro de nós mesmos. Eu noto diariamente como as pessoas estão desanimadas, frustradas, parecem esquecer que na vida o controlável é muito pouco, sofrem por querer uma vida de expectativas atendidas o tempo todo. Tem a si próprias como réguas morais e de justiça.
A vida parece não se importar com isso, assim como um rio que mesmo que se construa obstáculos no seu leito, busca-se novos percursos e segue seu caminho. Infelizmente, não temos muitas vezes a mesma perseverança, no primeiro cascalho tropeçamos e caímos.
Nos dias de hoje vemos um número cada vez maior de pessoas que não estão apenas prostradas, mas envoltas em dor e decepção. Mesmo com todo apoio e ânimo que venham a receber dos amigos, a tristeza cria uma ilha e por mais que grite a pessoa não ouve, absorta em si mesmas apenas deixam os dias passarem, na espera de que um dia elas mesmas passarem.
A geração das telas está sofrendo, está doente, está agonizando, hipnotizado pelo canto da sereia, crê que não tem alternativas, não há escolha. Sendo que a atitude mais sábia é justamente colocar tampões nos ouvidos, focar em si e não seguir a manada.
Destarte, poderá deitar a cabeça no travesseiro consciencioso.