Carlinhos Borboleta quer centro de eventos com garagem na sede e Rua de Lazer em Pedra Azul

Publicado em 23/09/2024 às 18:29

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ELEIÇÕES

Texto e fotos: Gleberson Nascimento

Luiz Carlos Prezotti Rocha, o Carlinhos Borboleta, 73 anos, abre a série de entrevistas com os candidatos à Prefeitura de Domingos Martins. As entrevistas serão publicadas de acordo com a ordem alfabética do nome de urna dos candidatos.

Carlinhos recebeu a reportagem do Montanhas Capixabas em sua casa, na primeira atividade de campanha do dia, na última terça-feira (17). Ele fez questão de abrir o portão, olhar nos olhos e dar um firme aperto de mãos no repórter.

Aposentado, pai de três filhas e com vasta experiência na vida pública – já foi prefeito, vice e vereador, além de comandar a Ceasa por nove anos – o representante do PP na eleição do próximo dia 6 garante que quer encerrar sua participação na política com chave de ouro, com uma vitória nas urnas. Se eleito, prometeu avaliar a criação de um centro de eventos com garagem na sede e abrir uma nova Rua de Lazer, desta vez em Pedra Azul.

Nesta entrevista, ele afirma que vai contar com a parceria do governador Renato Casagrande (PSB), se eleito. Diz também que é amigo do atual prefeito Wanzete Kruger (sem partido), a quem chama de humilde e trabalhador, mas não poupa críticas à atual gestão.

Católico, Carlinhos chorou no final da entrevista, quando foi convidado a tirar uma foto ao lado de um quadro de crochê, uma versão da Última Ceia de Cristo, presente da esposa Dulcineia, que está na sala de jantar da casa.

Montanhas Capixabas – Primeiro, gostaria de perguntar por que deseja ser prefeito da cidade? O que está motivando o senhor a assumir essa responsabilidade? E quais são as suas principais metas?

Carlinhos Borboleta – Primeiro, quero agradecer a Deus por estarmos aqui, nesse momento. Sem Deus, não somos nada. Sou uma pessoa muito simples, humilde. Sou de Guarapari, mas cheguei a Domingos Martins nos anos 70. Fui motorista, trabalhei aqui. Em 1975, me casei com Dulcineia. Temos três filhas: Karine, Caroline e Catarine. São cinco netos.

Minha esposa é de origem alemã, pomerana. Estamos juntos há 48 anos. Moro neste endereço há 43 anos, numa casa construída com muita dificuldade. Mas somos vencedores, felizes. Agradeço muito a Deus por ter me guiado a morar aqui em Domingos Martins. Sou muito feliz e tenho boas amizades.

Comecei na vida política em 1992, como vereador. Depois, fui vice-prefeito entre 1996 e 2000. Em 2004, fui candidato a prefeito, mas perdi por uma diferença de apenas 103 votos.

Após essa campanha, fui chamado pelo governo para assumir a Ceasa. Um pouco tímido, aceitei o convite após conversar com minha esposa. Passei lá nove anos. Foi uma grande experiência, recebendo agricultores de todo o Estado, especialmente da nossa região, uma das maiores produtoras agrícolas do Espírito Santo.

E como surgiu o desejo de ser candidato a prefeito novamente?

Já tive três mandatos, como vereador, vice-prefeito e prefeito. O carinho que recebo das pessoas é muito gratificante. Escolhi um vice da área de agricultura, porque hoje 67% dos martinenses vivem desse setor. Precisamos investir muito no campo.

Mas, para termos uma boa agricultura, precisamos de saúde. Nosso município tem um grande potencial turístico, e não só em Pedra Azul. Fortalecer a educação também é fundamental. Como prefeito, vamos fazer isso acontecer.

Quero trazer a maternidade para Domingos Martins. Acredito que os cidadãos martinenses devem nascer aqui. Quero criar um Centro de Hemodiálise na nossa região, que atenderá sete ou oito municípios. Atualmente, temos 48 pessoas que saem daqui quase todos os dias para fazer hemodiálise em Vitória. É muito sofrimento. Por isso, a maternidade e o Centro de Hemodiálise serão prioridades na saúde.

Como o senhor avalia a atual administração? Quais pontos o senhor considera positivos e o que acha que poderia ser melhorado ou corrigido?

O atual prefeito é meu amigo. Já estive junto com ele. É uma pessoa humilde, trabalhadora, e está há 16 anos, com quatro mandatos. Ele tem muitos pontos positivos. Não é à toa que foi eleito quatro vezes. Sou amigo de todos os candidatos. Quando nos encontramos, nos abraçamos. Não há agressão.

Desejo voltar a ser prefeito. Em 1996, quando fui vice do Pedrinho Raul Hoppe, fizemos a Rua de Lazer. Apesar de uma época difícil, de cassação de mandato, criamos uma das marcas de Domingos Martins. Quero fazer ainda mais.

Hoje, há muitas obras de pavimentação. O governador Renato Casagrande tem ajudado muito, não só Domingos Martins, mas todo o Estado. No entanto, precisamos de mais fiscalização. Isso está faltando.

Outra necessidade urgente é a construção de uma capela mortuária. A comunidade fez uma ao lado do hospital, mas ela foi removida. Atualmente, as famílias enfrentam dificuldades nos últimos momentos com seus entes queridos. É um compromisso meu, e, se eleito, nos primeiros três a seis meses, entregarei uma capela mortuária à comunidade. Como participo de muitos velórios, vejo o sofrimento das famílias.

A Casa da Cultura está fechada há um ano para reformas, mas as obras nem começaram. Algumas coisas precisam melhorar. Não desmereço a administração de Wanzete, mas falta visão em alguns aspectos. Temos de melhorar nossas calçadas e ruas.

E como o senhor pretende lidar com o funcionalismo público?

Já temos um compromisso de pagar R$ 7 milhões aos funcionários públicos. Será executado para que os próximos prefeitos quitem essa dívida. Isso é um compromisso com Domingos Martins, e pretendo honrá-lo. Falo isso publicamente, diante de muitas pessoas. Não podemos deixar de cumprir.

Por que o senhor não se candidatou à reeleição?

(Hesitação). Minha família não queria que eu fosse mais candidato. Todos enfrentam desgaste. Mas a política está no sangue. É difícil sair dela. Hoje, estou aposentado e ouvi muitas vezes: “Domingos Martins quer você de volta!”.

E sua família mudou de opinião?

Sim. Primeiro conversei com minha família. Minhas três filhas, genros, netos, e, principalmente, minha esposa. Estão me apoiando. Quero fechar com chave de ouro. Estou determinado, com uma boa parceria com meu vice e meu grupo. Temos 50 candidatos a vereador, o que representa 40% dos candidatos da cidade em nossa chapa.

O que o senhor fez na primeira gestão e gostaria de fazer melhor se tiver uma nova oportunidade?

Naquela época, trabalhei com um orçamento de R$ 58 milhões anuais. Hoje, é de R$ 250 milhões. Dinheiro não é tudo, mas é necessário. Tenho certeza de que posso fazer muito mais. Quero implantar a Rua de Lazer em Pedra Azul e melhorar todos os distritos de maneira igual.

Não estou preocupado com siglas políticas, mas com parcerias para o progresso. Precisamos do nosso governador. Sem ele, o município para. Política é coisa boa; politicagem, isso é nojento! Política é coisa séria!

O senhor faria algo diferente desta vez?

Quero fazer melhor, em geral. Com um orçamento cinco vezes maior, terei como fazer mais. Pretendo fiscalizar tudo de perto. O dinheiro público é nosso! Temos que cuidar dele com seriedade. Este é meu compromisso. Quero vencer a eleição, e, com a graça de Deus, vamos ganhar! Vamos escolher uma equipe de pessoas dignas. Hoje, um secretário não pode ganhar R$ 3 mil. A responsabilidade é 24 horas, ele assina junto com o prefeito. Para cobrar, temos que oferecer um bom salário.

Por que o senhor não é o candidato do atual prefeito Wanzete, se ambos eram do mesmo partido, o PP?

Fui convidado pelo deputado federal Da Vitória, presidente do partido. Wanzete gostaria de permanecer no PP, ele já me disse isso. Porém, teve que sair porque o candidato dele é o vice-prefeito Fabinho.

Mas ficou um clima ruim entre o senhor e o prefeito?

Nós conversamos. Falei isso para o Da Vitória. E ele me disse: “o prefeito é nosso amigo, mas eu quero que você assuma o PP em Domingos Martins”. Não assumi por causa da eleição, mas coloquei uma pessoa de minha confiança à frente do partido.

E, caso o senhor seja eleito, como vai construir a relação com a Câmara de Vereadores?

O prefeito depende do vereador, e o vereador depende do prefeito. Todas as obras que eu concluir na minha administração, eu e todos os vereadores participaremos das entregas.

Eu fui o único prefeito que, se você for a qualquer obra minha entregue de 2013 a 2016, ali estava presente: prefeito, vice e todos os vereadores. Nas placas de inauguração, fiz questão de colocar também o secretário da pasta.

Na minha chapa, tenho 50 candidatos a vereador dos 126. Todos eles são tratados por igual. Não tive problema com nenhum vereador porque onde eu ia, o vereador da comunidade estava junto. Terminou a eleição no dia 6 de outubro, já se sabe quem ganhou; dali em diante, é união. Então, não haverá dificuldade.

O município tem algumas limitações orçamentárias para grandes investimentos. Como será a relação do senhor com o governador Renato Casagrande e o presidente Lula na busca de recursos?

Muito boa. Essa pergunta é muito pertinente. Hoje o orçamento é cinco vezes maior que quando entreguei a Prefeitura em 2016, e fizemos muita coisa. Como já falei, precisamos de parceria. Não podemos trabalhar apenas com siglas políticas. Eu terei ajuda da bancada federal. Tenho apoio do Evair de Melo, do Josias da Vitória, presidente do partido no Estado.

Nós vamos precisar, sim, do governo do Estado. Tenho uma abertura muito grande com o Renato (Casagrande). Trabalhei com ele quando estive na Ceasa, com o ex-governador Paulo Hartung. O Casagrande é uma pessoa maravilhosa, e só tenho a parabenizá-lo pelo que ele está fazendo pelo nosso Estado.

Se você não tiver parceria com o próprio Estado e com o governo federal, seu município vai parar. Precisamos de parceria, sim, com as bancadas federal e estadual. Hoje, tenho o apoio de sete deputados que estão ao meu lado.

Agora mesmo, vou receber a deputada Raquel Lessa (PP). (A parlamentar chegou ao final da entrevista). Temos também o apoio do deputado Adilson Espindula (PSD), que é da região pomerana, aqui em Santa Maria de Jetibá. E temos o deputado José Esmeraldo (PDT), o presidente da Assembleia, Marcelo Santos (União), e por aí vai…

O senhor já pensa no secretariado?

Se você perguntar hoje, Carlinhos, se tenho algum secretário, ainda não. Primeiro, preciso ganhar. Temos em mente algumas pessoas. Tenho uma funcionária que, se eu for eleito, estará comigo. É uma senhora lá de Ponto Alto chamada Margareth. Ela tem um carinho especial com a terceira idade e será a pessoa responsável por essa área. Agora, se você perguntar se já tenho um secretário de saúde, não, ainda não tenho.

O vice-prefeito do senhor é Flávio Wruck. Ele está preparado para assumir a prefeitura em uma situação de emergência?

O Flávio é um cidadão pomerano. Mora em São Bento do Chapéu. Ele é produtor e lida com gado leiteiro e criação de tilápia. Inclusive, foi o Flávio, há 20 anos, que trouxe a tilápia para Domingos Martins, e deu certo. Hoje, só estamos atrás de Linhares na criação de tilápia.

Tenho certeza de que ele está preparado, principalmente na agricultura. O prefeito precisa ter uma boa equipe. O Flávio é uma pessoa de família, avô, com 30 anos de casado. Não tenho dúvida de que foi uma excelente escolha.

Vai contar com o apoio da bancada federal para resolver os gargalos do município, como o problema da duplicação da BR-262?

Vejo o alto fluxo de carros que vêm do interior, especialmente da região de Aracê. Às vezes, minhas filhas têm que almoçar rápido aos domingos porque, se não, é um problemão para chegar à Grande Vitória.

O problema não é só nosso. Precisamos da esfera federal. O Casagrande sabe da dificuldade que está acontecendo aqui, especialmente aos domingos. Quando eu saio daqui para Vitória para uma reunião, tenho que sair com pelo menos duas horas de antecedência; caso contrário, chego atrasado.

O governador está empenhado nisso, assim como nossos deputados Da Vitória e Evair de Melo, além dos deputados estaduais. É uma grande obra que precisamos concluir aqui no nosso Estado. Isso sem falar na questão das vidas, né! Nós temos hoje um hospital aqui, que a Santa Casa assumiu. Queremos ser parceiros dele.

Quais são as propostas do senhor para estimular o desenvolvimento da agricultura, do comércio e do turismo?

Temos um município com 1.200 quilômetros quadrados. Grande, né? Agregamos quatro ou cinco municípios para ter a área que temos. Somos tipicamente agrícolas. O agricultor quer estradas para chegar às suas propriedades, pois o nosso terreno é muito acidentado.

Para levar adubo ou pegar mercadorias como café e banana, é preciso investir. Mesmo com todas as dificuldades e um orçamento baixo, fiz um trabalho significativo para o agricultor.

O turismo é um potencial. O clima é muito bom. Aumentou muito o número de sítios na nossa região. Se você for a Pedra Azul hoje, há restaurantes, choperias, pizzarias. Aquilo ali é um sucesso! Precisamos investir muito ali. Penso em fazer o que fizemos em 1998: criar a Rua do Lazer de Pedra Azul. A ideia é concentrar todos os serviços no mesmo lugar para melhorar o atendimento.

E quanto ao comércio?

A atividade comercial caiu muito em Domingos Martins. Minha mulher é comerciante de roupas infantis e sente isso na pele. Estamos com dificuldades no trânsito. Muitas pessoas que vêm aqui para a cidade me dizem: “Pô, Carlinhos, fui lá para jantar, mas não consegui parar. Não há vagas”.

Preciso entrar primeiro para poder sentar e conversar com as pessoas. Temos nosso campo de futebol, que é uma herança de mais de 100 anos. Já me disseram: “Tire o campo”. Não quero mexer com o campo de futebol, que é uma relíquia que passou por várias gerações. No meu mandato como vereador, investi muito no campo de futebol, com drenagem e iluminação. Então, temos que pensar.

O senhor tem outras propostas?

Na praça, temos um local – que inclusive foi comprado do Banco do Brasil no meu mandato de vice-prefeito – onde são montados os palcos das festas. Trata-se de um terreno de dois mil metros quadrados. Pensamos em transformar o local em um centro para eventos. Temos aqui dança e artesãos que estão sem lugar para trabalhar. Vamos fazer um estudo.

Mas qual a relação do centro de eventos com o problema dos engarrafamentos?

Acima desse centro, faríamos três andares de estacionamentos verticais, como os de Vitória. Seria uma forma de desafogar a capacidade reduzida que temos na cidade. O problema hoje não é só de Domingos Martins, mas geral. Se formos a Pedra Azul, Paraju e Ponto Alto, teremos dificuldades. Nesses três ou quatro andares, seria possível acomodar até 180, 200 carros. Vamos conversar com a comunidade. Não podemos errar. Temos que acertar.

E quanto à educação?

Precisamos construir algumas creches. Como a maioria das pessoas vive da agricultura, grande parte das mulheres trabalha na roça e não tem onde deixar seus filhos. Isso é um compromisso. Precisaremos da esfera federal para construir. Então, teremos que estar afinados com os deputados e o governador para conseguirmos isso. Também faremos parquinhos em todo o município.

O senhor está preocupado com o meio ambiente e a sustentabilidade?

Nosso município e Santa Maria de Jetibá são produtores de água. Temos nascentes que abastecem a Grande Vitória. Portanto, precisamos tratar isso com muito carinho. Mas sou contra a cobrança pelo uso da água. O produtor ainda terá que pagar? Isso eu acho um absurdo.

Um problema recente dos municípios da região serrana é a violência, que chega com as drogas, muitas vezes ligada à falta de opções de lazer, esporte e cultura.

Infelizmente, as drogas e a bebida, que é uma droga também, são perigosíssimas. Aqui, temos muitos acidentes de moto. Vou oferecer quadras de esporte, centros de lazer e campos de futebol. Quero investir muito nessa área de lazer. Vamos construir quadras de areia e campos society.

Isso é um compromisso que temos com todos os martinenses. Com quadras e iluminação, pois aquelas pessoas que trabalham na roça não têm tempo para se divertir durante o dia. Vamos investir em quadras de areia, de grama, em geral, para atender essa população.

Por que o senhor ficou emocionado ao tirar a foto com o quadro da Última Ceia, de Jesus Cristo?

Eu me emociono muito com esse quadro. (Choro). Ele representa uma história do início da minha vida, feita com carinho pela minha esposa, e vai nos acompanhar até o fim. Quando falo de família, isso me toca profundamente. O quadro é uma demonstração do nosso amor pelo dom da vida e pelo nosso Deus maior. Peço desculpas, estou falando de coração. (Voz embargada).

Por que o eleitor deve escolher o senhor no próximo dia 6? Sou um homem de família. Escolhi uma pessoa certa para ser meu vice, um produtor rural. Meu compromisso é fortalecer o campo. Temos uma amizade de longa data e queremos continuar essa parceria de confiança, sempre trabalhando pelo cidadão martinense.

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