Após serem vítimas de racismo, torcedores do Florianense EC planejam manifestação em Domingos Martins
Publicado em 03/06/2022 às 16:48
Texto: Edézio Peterle / Foto: Arte GloboEsporte.com
Neste domingo (5), torcedores da equipe de futebol amador Florianense EC irão organizar um protesto contra o racismo, a partir das 8h30, no campo de futebol próximo à rodoviária de Campinho, em Domingos Martins. A ação é uma resposta às ofensas que a torcida e os atletas do clube teriam sofrido no último domingo (29), durante partida contra o Esporte Clube Cruzeiro, em uma partida do Campeonato Intermunicipal – segunda divisão de futebol amador.
Segundo informações do boletim de ocorrência da Polícia Militar, o caso ocorreu no campo de futebol da localidade de Soído de Baixo, onde torcedoras relataram que foram chamadas de “macacas”, “urubus” e “maconheiras” dentre outros xingamentos por uma mulher da torcida adversária. Ainda no boletim, consta a versão de outras testemunhas que negaram que houve injúria racial, porém segundo as vítimas, não é a primeira vez que a torcedora pratica as ofensas.
“Em um jogo em Ponto Alto, essa mulher começou a xingar minha mãe, depois com minha cunhada. Em seguida, ela foi para o vestiário dos jogadores e fez a mesma coisa. No jogo de domingo, no final da partida, ela começou a nos xingar de ‘macaco’ e ‘urubu’. Meu filho e muitas pessoas se ofenderam. Chamamos a polícia. Ela não pode fazer uma coisa dessas, porque racismo é crime. Essas coisas não podem acontecer”, conta uma torcedora, que pediu para não ser indentificada.
A diretoria do Esporte Clube Cruzeiro negou a versão da torcida adversária e divulgou uma nota de repúdio contra qualquer prática de racismo. “Esporte Clube Cruzeiro vem a público repudiar veementemente, a qualquer ato racista, preconceituoso e violento no meio esportivo. Para existir um ambiente saudável e democrático, é inadmissível qualquer tipo de manifestação preconceituosa e violenta, ou que fira a dignidade de qualquer pessoa. É necessário que o fato seja devidamente apurado e esclarecido pelas autoridades competentes, e que todos os culpados sejam identificados e punidos”, diz a nota do clube.
Ainda no dia da partida, a Polícia Militar foi ao local e para evitar um confronto, encaminhou os envolvidos à delegacia de plantão em Venda Nova do Imigrante. De acordo com a Polícia Civil, “A suspeita, de 51 anos, conduzida à Delegacia Regional de Venda Nova do Imigrante, foi autuada em flagrante por injúria racial e foi liberada para responder em liberdade provisória, após pagar a fiança arbitrada pelo delegado de plantão. O procedimento do flagrante foi encaminhado para a Delegacia de Polícia de Marechal Floriano e dentro de 30 dias o inquérito policial será concluído e enviado à Justiça”, diz a nota enviada pela Polícia Civil, que não informou o valor da fiança paga.
Nessa quinta-feira (2), a diretoria do Florianense EC enviou um comunicado à organização do campeonato pedindo providências. “Solicito que haja punição para a torcedora que proferiu os ataques e que ela seja impedida de participar de qualquer evento esportivo da região. Essa atitude deve ser tomada para que o Esporte da região seja um lugar de seriedade, paz e divertimento entre as comunidades, conforme descrito no regulamento da competição”, diz o comunicado assinado pelo presidente do Florianense EC, Valmir Wruck.