Arte, Crônicas e Poesia
SAUDADE DE PLÁSTICO
Publicado em 01/12/2021 às 10:37
Quantas horas você tem ficado diante do aparelho telefônico por dia?
Provavelmente nunca tenha feito a contagem ou se tem alguma estimativa informando eventualmente é pelo próprio aparelho.Não é surpresa para ninguém que cada vez mais estamos “conectados”, mas a dúvida é: conectado com quem?
Alguns afirmam que é com o “mundo inteiro”, ou seja, com ninguém. Freud no seu livro “Mal-estar na Civilização” chamou os homens de deuses de plástico, pois têm apenas o poder da destruição e de uma forma muito interessante faz uma análise das inovações da sua época,contrapondo sempre o lado positivo e negativo.E nos últimos tempos temos visto que ao contrário do que as propagandas afirmam, estar diante do celular não nos deixou mais conectados, e sim mais ilhados.
Somos todos pequenos príncipes no seu mundinho de opiniões e assertivas confortáveis.Hoje, ao visitar uma casa é quase certo que verá os filhos fazendo dancinhas e rindo sozinhos diante da tela, pais e mães absortos em sites de notícias ou melancólicos acessando o saldo bancário.E a conexão mais importante não está ocorrendo: que é a dos pais com os filhos.
Esse tempo dedicado às pessoas queridas são os maiores tesouros que podemos levar da vida, pois quando tomamos ciência da negligência aos entes, geralmente é muito tarde e não tem lágrimas suficientes que nos faça voltar ao passado e agir de forma diferente.
Nos últimos tempos percebeu-se uma grande hipocrisia nas propagandas, incitavam a todos a preocupar-se com os velhinhos e aos mais vulneráveis, e nas mídias sociais choveu de fotos e textos bonitos de apoio. Entretanto, a realidade usualmente é o abandono do próprio avô ou avó.
O que faz inferir que quando esses entes “queridos” vão embora fica na verdade uma saudade de plástico,pois como é possível sentir saudade de alguém que nunca conheceu verdadeiramente?
E ao buscar histórias com aquele que se foi, verá que sempre existiu um muro: a tela do celular!
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