ESPECIAL ELEIÇÕES 2024: Carlinhos Borboleta “não descarta ninguém” para compor chapa a prefeito em Domingos Martins

Publicado em 03/05/2024 às 18:59

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cARLINHO-BORBOLETA

Fabricio Ribeiro

Luiz Carlos Prezotti Rocha, o Carlinhos Borboleta, 73 anos, quer voltar a ser prefeito de Domingos Martins e é pré-candidato para as eleições de 6 de outubro. Mesmo aposentado, segue atuando como pequeno comerciante. Casado e pai de três filhas, é natural de Guarapari, mas mora em Domingos Martins há 53 anos. Na política, acumula a experiência de ter sido prefeito, vice-prefeito, vereador, tendo ainda presidido a Ceasa por oito anos.

Filiado ao PP, partido também do atual prefeito Wanzete Kruger – que deve apoiar Fabinho Trarbach – Borboleta critica a qualidade das obras de calçamento no interior, elogia o governo Casagrande, o vice Ricardo Ferraço, quer mais atrativos turísticos para a região da sede e fortalecer o associativismo na agricultura. Defende também que sitiantes paguem taxa de lixo e não descarta abrir mão da cabeça de chapa para ser vice.

Montanhas Capixabas – Por que você quer voltar a ser prefeito?

Carlinhos Borboleta – Primeiro tenho que agradecer Domingos Martins pelo crédito que me deu, quando fui prefeito de 2013 a 2016. Não sou filho daqui, mas me considero um cidadão martinense, casei em 1975 aqui, aqui criei minhas filhas. Estou aí para ser prefeito novamente com toda dedicação pelo nosso município, que tem um potencial muito grande.

Até 2016 o orçamento da prefeitura era de R$ 48 milhões/ano. Deu um avanço muito grande, não só Domingos Martins como todo o estado. Hoje Domingos Martins trabalha com R$ 208 milhões/ano. Aumentou cinco vezes mais. Dinheiro não é tudo, mas com dinheiro se faz muita coisa.

Como está sendo construída sua pré-candidatura?

Estou no PP. Temos conosco o MDB e o União Brasil. E tem mais dois partidos em conversação que por agora não vamos divulgar.

E a chapa de vereadores? 

Os três partidos (PP, MDB e União Brasil) estão com a chapa completa, com nove homens e cinco mulheres cada. Os outros dois também.

O prefeito Wanzete Kruger também é do PP, mas deve apoiar o seu atual vice Fabinho Trarbach, que é de outro partido, o PSD, para a disputa do executivo. Explique isso.

Sim, o candidato do Wanzete é o Fabinho, vice-prefeito dele. Wanzete é prefeito e se elegeu no PP. E agora eu fui convidado pelo PP, pelo deputado Da Vitória – que é o presidente estadual do partido – para ser pré-candidato em Domingos Martins. Falei com Da Vitória que o nosso atual prefeito é do PP, mas o deputado disse que o compromisso era comigo, então me filiei ao partido.

Conforme o vice-prefeito Fabinho, Wanzete teria dito que sairia do PP caso a legenda lançasse candidato a prefeito em Domingos Martins…

Comigo ele não falou nada disso.

É constrangedor concorrer pelo mesmo partido do prefeito que não te apoia?

Não, porque é o presidente (estadual do PP, Da Vitória) que executa. Se eu tiver condições, eu serei o candidato do partido. Tudo indica que serei o candidato, estou trabalhando para isto.

Existe alguma possibilidade de você caminhar com Wanzete no projeto dele em torno do Fabinho?

Política é um negócio muito carinhoso. Sou amigo de todos os pré-candidatos. Já votei no Wanzete em 2008, a gente é amigo, parceiro, não é à toa que ele é quatro vezes prefeito. É uma pessoa de bem, trabalhadora, humilde, simples. Mas, hoje a gente não está tendo conversa com ele.

Os outros partidos que eu falei, que estão correndo por fora, que podem apontar o próprio vice-prefeito da minha chapa. Mas, a gente não pode descartar ninguém para compor a chapa. A gente tem que ter muito carinho, cuidado, porque moramos num município pequeno. Eu não tenho dificuldade de marchar com ninguém. A vantagem é que Domingos Martins é um município muito saudável nisto daí, não tem inimizade, não tem ódio um do outro. É uma beleza isso daqui.

Além do seu nome, hoje quais são os pré-candidatos a prefeito de Domingos Martins?

O próprio Fabinho (PSD), que é o atual vice-prefeito, o Edu do Restaurante (PL) e estão pregando aí o Edinho Paganini (PRD), que é atual vereador.

Você já foi do PSB. Como está a conversa com o governo do Estado?

Eu queria parabenizar nosso governador Renato Casagrande pelo que tem feito no nosso estado, em nosso município, junto com o vice-governador que é um amigo meu muito grande, Ricardo Ferraço, um parceiro. Inclusive ele (Ferraço) pediu para ter o MDB na minha coligação. Hoje o presidente do MDB em Domingos Martins é o Flávio Wruck.

Então as tratativas estão via MDB, não via PSB, certo? Inclusive tem sido ventilado que o Flávio possa vir de vice na sua chapa…

A conversa é com MBD. O nome do Flávio está sendo ventilado. Mas tem outros nomes aí. Tem o nome do Edinho Paganini (PRD), que se aproximou.

Na conversa que fizemos com Edinho, ele revelou que um sonho dele é que Carlinhos Borboleta seja o vice na chapa dele. O que você acha?

Quero fazer parte de uma chapa que vença. Eu sei perder, mas não entro para perder. Eu não tenho dificuldade de marchar com qualquer um, posso ser vice também. Tenho essa abertura. Edinho tem herança de política, o pai e o irmão dele já foram prefeitos. Está fazendo um bom trabalho na Câmara, é um vereador transparente.

Qual sua avaliação da candidatura do Fabinho?

A vez passada que disputei com ele (eleição de 2012) e com Dr. Humberto, eu tive 50% dos votos. Fabinho teve 30% e Dr. Humberto 20%. Eu tive a votação dos dois.

E a do Edu do Restaurante?

É um rapaz trabalhador, vencedor, conheço desde criança. Eu era amigo do pai dele, que já faleceu. Acredito muito nele também, administrador, microempresário. Tenho nada a dizer contra.

E a do Edinho, que você já citou acima a possibilidade de aliança?

Nada é impossível. Eu, o Flávio Wruck, Osmar Oliveira, Pedrinho Hoppe, Arthur Wernersbach, Marcelinho do Recanto, a gente já vem conversando há quase um ano. O Edinho agora que se manifestou com a possibilidade de candidatura a prefeito ou a vice-prefeito. Inclusive conversei com ele. Osmar também tem tendência a participar de alguma chapa como vice.

Como você vê a economia de Domingos Martins atual?

Hoje a agricultura de Domingos Martins representa de 65% a 70%. É uma secretaria que tem que ser muito bem olhada. Nós temos uma quantidade de estrada de chão, chove muito na nossa região. Você faz hoje e amanhã não tem mais a estrada. Mas a secretaria de agricultura tem que ver isso com muito carinho. Temos que oferecer essas pessoas para se manter, porque os filhos estão saindo da roça. O agricultor o que mais quer é estrada.

Mas na atual administração tem muita pavimentação de estradas…

É. Mas com participação do governo de Renato Casagrande. Que tem parceria com Pavi-S. Isso iniciou quando Ricardo Ferraço foi secretário de Agricultura do Estado, com o Caminhos do Campo. Paulo Hartung era nosso governador. Dali para frente só foi crescendo.

Hoje não é só Domingos Martins, está no estado todo. Mas tem que ter muito cuidado pelo produto que estão fazendo, porque não está ficando de boa qualidade. O estado dá o Pavi-S, mas a pavimentação é a prefeitura que faz, mas está deixando a desejar na qualidade e durabilidade. A prefeitura está dormindo no ponto.

E o turismo?

Temos que manter as tradições e festas que temos todo ano. Porém, precisamos dar mais qualidade a eles. Na gestão Pedrinho Hoppe (prefeito) e Carlinhos Borboleta (vice), nós conseguimos fazer a Rua de Lazer. E hoje não temos outro local para receber o turista na sede. Se formos eleitos, vamos pensar em novos atrativos turísticos para a região da sede, como um teleférico, por exemplo, que é uma antiga proposta de Romeu Stein. Também vamos dar maior atenção para o distrito de Aracê/Pedra Azul pelo potencial que tem no turismo.

O pessoal das pousadas diz que está despencando a taxa de ocupação de hóspedes na sede…

Temos que ter muito cuidado também com o nosso comércio. Eu e minha esposa, como pequenos comerciantes, estamos vendo uma crise muito difícil. Tem que fazer algo para atrair as pessoas. Nós temos uma desvantagem, estamos a 30 km do Shopping Moxuara.  E o comércio de Marechal, que é perto, cresceu muito, está dando um show. Não temos uma loja agrícola na sede. Ponto Alto e Paraju têm mais comércio agrícola do que aqui.

Alguma proposta para outras áreas, como a de serviços?

Tem que ser trabalhado. Oferecer alguma coisa que possa agregar empresas aqui. Hoje os maiores empregadores são a Prefeitura, a Coroa e a E&L, além de pequenas empresas, como as serrarias.

Além das estradas que você citou acima, o que mais pode ser feito pela agricultura/pecuária?

Temos que ter mais participação como com a Coopram (Cooperativa de Empreendedores Rurais de Domingos Martins). Temos que fortalecer as associações de agricultores a partir de exemplo como a Coopram, que hoje compra e vende tilápia, mexerica. Ano passado a Coopram mandou 100 caminhões de laranja para São Paulo. Esse ano aumentou as vendas. Hoje essa cooperativa tem 52 funcionários e 300 filiados. Ela ajudou Domingos Martins a se tornar o segundo do Estado na produção de tilápia, só perde para Linhares.

Sobre o trânsito na sede. O que fazer?

É um negócio que já vem de longos anos. Tem que ser muito bem pensado. Vamos ouvir as lideranças para construir soluções mais participativas.

Tem muita gente vindo do interior para a sede e distritos. E também da Grande Vitória, inclusive com muitas vendas irregulares de terreno. Como você vê essa questão de parcelamento do solo?

Está aumentando muito (os parcelamentos irregulares), sitiantes, essas coisas. Não sei como estão liberando as formas de fazer platores, não tenho conhecimento. É uma coisa que tem que ter muito cuidado. Acredito que as pessoas que vem morar em Domingos Martins são pessoas boas, as terras são caras. Vemos muita gente vindo. Você desce a Serra da Boa Vista e vê muito platô. Tem que ter muita cautela com o crescimento para não perder a ponta da corda.

Isto está gerando problemas ambientais, desmatamento e poluição das águas?

Domingos Martins é muito vigiado. Tem a Polícia Ambiental, tem o Idaf, tem a nossa secretaria de Meio Ambiente. Se a pessoa fizer um platô e não tiver a autorização, ele para. A polícia vai lá, Idaf. Se estão fazendo platô é porque tem autorização. Mas não posso entrar nesse mérito porque acredito muito nas autoridades, que estão fazendo um trabalho legal.

Outra consequência do crescimento é o aumento de lixo. Há reclamação de que muita gente não está pagando taxa e o custo pesa para quem paga…

Eu sou a favor que todos paguem. Mas tem que ver uma forma justa porque uns produzem pouco e pagam a mesma coisa que os que produzem muito. Eu pago na minha casa R$ 380 por ano. Era mais, porém foi feita metragem errada e eu reclamei e foi recalculado. É R$ 1,70 por m2. A prefeitura me recebeu muito bem, mandaram a pessoa para medir e caiu 30%. Então tem gente pagando a mais por causa de medição errada.

A prefeitura tem a disposição de recalcular. Ouvi dizer que começaram a cobrar de sitiantes, mas não tenho certeza. Sei que eles produzem muito lixo, vem no final de semana, fazem festa. Às vezes os sitiantes produzem mais lixo do que aquelas pessoas que moram aqui. Se não está sendo feita, na minha administração será feita a cobrança de taxa de lixo dos sitiantes. Vou cuidar nos dois sentidos. Fazer o atendimento para corrigir a situação de quem está pagando a mais e cobrar de quem não está pagando.

Com esse movimento maior de pessoas, terá aumento de problemas para a segurança pública?

É. Vem gente boa, mas vem gente ruim também. Temos preocupação com isso sim. Nossa polícia é boa, participa. Você não vê quase nada de roubos aqui, porque a polícia está sempre atenta. Mas temos que ter cuidado para as coisas não acontecerem. Eu acho que hoje está sob controle.

E quanto aos moradores em situação de rua?

Há muitas reclamações sobre as pessoas que estão morando na rodoviária, em situação de rua. Ali tem que ser feito um trabalho. Quando fui prefeito, tive secretária de assistência social que comprava a passagem – e não dava dinheiro para a pessoa comprar. Quando era preciso, ia até Vitória para levar a pessoa (em situação de rua) para voltar para sua cidade. E funcionava. Hoje perdeu o controle, não sei o que aconteceu. Nosso pessoal aqui tem quatro, cinco (moradores de rua), o resto é de outros municípios.

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