ESPECIAL ELEIÇÕES 2024: Arthur Wernersbach diz que é necessário união para vencer as eleições em Domingos Martins

Publicado em 13/04/2024 às 15:39

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Texto e foto: Fabrício Ribeiro

Empresário do setor do turismo e jornalista, Arthur Wernersbach Neves (União Brasil) é pré-candidato a prefeito de Domingos Martins. Ele é casado, pai de três filhos e tem 55 anos. Concorreu a deputado estadual em 2020 (teve 2.947 votos), atuou no governo do Espírito Santo na gestão de Paulo Hartung, foi diretor de comunicação da Assembleia Legislativa e assessor do então senador Ricardo Ferraço.

Arthur defende a educação para jovens com um Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) no município, quer um centro de hemodiálise e estacionamentos verticais na sede. Ele aponta o aumento do desmatamento e defende maior ordenamento do crescimento. Também quer criar um plano de atração de novas empresas e fortalecer o turismo.

Montanhas Capixabas – Por que você quer ser prefeito?

Arthur Wernersbach – Domingos Martins precisa, em regime de urgência, de uma gestão mais moderna, que pensa mais no desenvolvimento socioeconômico. Nosso município está quebrando, empobrecendo, e em decadência que pode nos dar danos muito graves em breve.

Não estou me posicionando como salvador da pátria, mas a gente tem que ter um plano de governo moderno, eficiente. O prefeito Wanzete (Kruger) está muito tempo lá, com a mesma equipe. Isso não faz bem para a democracia, para a gestão pública. Precisamos oxigenar a administração. Estamos estagnados em alguns setores e em outros estamos caindo. As obras de nosso município estão de péssima qualidade.

Como está a construção da sua pré-candidatura?

Estou no União Brasil, um partido de centro direita. Mas, a polarização nacional não nos interessa. Estamos dialogando com o MDB do Flávio Wruck, com o PP do Carlinhos Borboleta, com o PRD do Edinho (Paganini). Pode ser que o Republicanos esteja conosco. O PV está dialogando também com Carlinhos, mas está neste movimento nosso.

Como está a chapa de vereadores?

A do União Brasil está montada. São 14 pré-candidaturas, nove homens e cinco mulheres. E cada partido que estamos conversando está construindo o seu caminho.

Tem alguma sinalização de nome para vice-prefeito?

No momento não. Vejo todo mundo muito flexível. Estamos num momento tão delicado que se a gente rachar é possível que este momento continue. Precisamos ir no diálogo até o final para ver se a gente faz unidade.

Além do seu nome, quais são os outros pré-candidatos a prefeito?

Fabinho Trarbach, que é a da atual gestão. Edu do Restaurante, Carlinhos Borboleta e Edinho Paganini.

Entrevistamos Edinho e Edu e eles não citaram seu nome como pré-candidato. Por quê?

Talvez porque eu esteja correndo por fora, apostem que eu não seja candidato. Pré-candidatura é pré-candidatura. Candidatura é a partir do dia 06 de agosto. Até lá tem muito diálogo.

Qual sua diferença para esses nomes que citou?

Nosso grupo representa renovação. Propomos uma gestão que valorize o turismo, a agricultura, agroturismo e a cultura – somos um município de tradição cultural forte, você vê que aqui em Campinho tem tradição alemã e lá em Pedra Azul, italiana. Isso tem que ser a locomotiva socioeconômica. Não faz sentido o orçamento que esses setores têm hoje. A gente quer ser candidato com essas prioridades ou com quem aceite essas prioridades.

Qual sua opinião sobre o pré-candidato do prefeito Wanzete, o Fabinho?

Fabinho não representa renovação por estar há três mandatos como vice. Espero que se a sociedade escolher o Fabinho, que ele surpreenda todos nós renovando a equipe toda. Eu não vejo quadros além dos que ele já tem.

E o Edu do Restaurante?

Ele optou por uma estratégia de risco de ir para um partido (PL) que polarizou muito a política no Brasil, com discurso radical. Por exemplo, com o governador Renato Casagrande. Meu discurso é de reconhecimento. Edu optou por uma linha mais dura de não aceitar o apoio. Nosso pensamento é diferente, mas o respeitamos muito.

O ex-prefeito Carlinhos Borboleta?

A gente tem dialogado mais e não sabe o que vai acontecer no final de julho / início de agosto. Mas a gente vê uma predisposição do Carlinhos de renovar. Você pode ter uma pessoa de 70 anos que esteja disposta a colocar em campo um time novo, inovador. Podemos convergir com ele se todos os tópicos que defendemos forem pactuados.

E o vereador Edinho Paganini?

A cidade tem problemas com obras públicas na execução e com fornecedores. O Edinho tem cobrado isso, como também no caso dos pavimentos que a Prefeitura recebe de doação por convênio do Governo do Estado e passa para as comunidades do interior para que elas deem a mão de obra, o que é uma injustiça com as pessoas que pagam impostos.

A gente está dialogando também com mais lideranças, como Flavio Wruck e Marcelo do Recanto da Roça. Somos um grupo que se ficar como está possivelmente seremos o vencedor. Se o nosso grupo se dividir em dois, seremos dois grupos derrotados. Se Edinho e Carlinhos estiverem dispostos, esse grupo nosso tem tudo para se consolidar e dali sair um candidato.

Você aponta que a cidade está empobrecendo e em decadência. O que fazer?

Temos que pensar na educação de nossos jovens. Todos municípios vizinhos tem Ifes (Instituto Federal do Espírito Santo), que é algo que precisamos fazer aqui. Hoje nossos jovens que querem fazer agronomia têm que se deslocar para Santa Teresa ou Santa Maria de Jetibá. O ideal é que o nosso Ifes ficasse na região de Parajú, porque é central. Diminui o transporte escolar, a distância para o jovem.

Temos também demanda para qualificação na aquicultura, ramo onde somos pioneiros por sermos um dos maiores produtores de tilápia do Espírito Santo. Também temos um polo de TI (Tecnologia da Informação). E hoje quem qualifica os jovens aqui é a E&L, via seu instituto. Há ainda a necessidade de qualificação para o turismo.

E sobre atração de empresas e geração de postos de trabalho?

É outra prioridade. A nossa renda per capta está caindo, há décadas não recebe novas empresas. Mesmo que seja de porte pequeno. Aí a gente viu algumas empresas que estiveram aqui e saíram ou que estiveram perto de entrar e não entraram. Caso da Paletitas, a Ybera Cosméticos e a Ybera logística, o Café Vista Linda, a Serraria Bazarella. Mas, diante de tanta dificuldade, acabaram indo para outros municípios.

Então Domingos Martins perde empregos e arrecadação. Por que acontece isso?

Não temos nenhum plano de atrativos, como têm os governos Estadual e Federal. Nós precisamos pensar nisso. Porque quando falamos de emprego estamos pensando nos jovens. É uma falta de prioridade. De 20 anos para cá, o mundo é outro. Tem que priorizar isso.

Você também percebe empobrecimento no setor agrícola?

Eu diria que não. Agricultor de base familiar, eles meio que independem. Mas eles poderiam estar muito mais e muito melhores. Organizar esses produtores em cooperativas é papel do poder público. Hoje falta articulação política. As pessoas deixaram de cobrar do serviço público de Domingos Martins tudo que ele poderia entregar. A administração está muito focada em pavimentação porque é isso que dá voto.

Como você vê o atual momento do turismo?

Se você conversar com donos de pousada – e eu sou um deles – o movimento está caindo gradativamente. E a opinião dos turistas sobre a cidade já não é mais a mesma, fomos protagonistas de turismo há 25 anos. Hoje Santa Teresa nos passou, Venda Nova está nos passando, Santa Maria está explodindo comercialmente, Santa Leopoldina está fazendo propaganda de seu ecoturismo nas cachoeiras onde os proprietários estão começando a ganhar dinheiro. Nós temos cachoeiras lindíssimas na região de Alto Tijuco Preto – Goiabeiras. Todas desconhecidas.

Se Domingos Martins já protagonizou no turismo, porque recuou?

A gente vive de turismo de evento. Festa é uma variante do turismo, mas existem pelo menos mais quatro, cinco. Nós não temos uma feira agropecuária. Quando você vai vendo os outros municípios fazendo o que a gente fazia e fazendo melhor, as pessoas não vão se deslocar para cá.

Umas coisas nós caímos de qualidade e eles se reinventaram. O ecoturismo em nosso município não é explorado. O turismo de aventura se é explorado é por alguém do privado. A única exceção é o Parque Estadual da Pedra Azul, que é do Governo do estado. Em Pedra Azul tem um turismo. A taxa de ocupação lá ultrapassa 60% em média no ano. Aqui em Campinho estamos abaixo de 30% e em queda.

O trânsito na sede é um desafio. Qual solução?

Muita gente acha que é só o campo de futebol, que é imbróglio jurídico para muitos anos. E ali é uma área de lazer para os jovens. A solução do trânsito passa por estacionamentos verticais. E temos áreas para isso. Várias cidades do Brasil têm estacionamento vertical. O pessoal reclama também de trânsito em Pedra Azul, em Ponto Alto tem reclamação da infraestrutura. Precisamos ver. Não podemos pensar o município só a sede. Até porque 70% dos moradores estão fora dela.

Há um crescimento populacional com pessoas que vêm, principalmente, da Grande Vitória? Como você vê isso?

Eram turistas, que viraram sitiantes. Passam a consumir na cidade, é bom para o comércio. Tem que ter planejamento. A pandemia contribuiu muito para que esses sitiantes viessem fixar residência ou vir com mais frequência. Nossa cidade verticalizou muito cedo, sem garagem nos prédios, não tinha plano diretor urbano.  Nós estamos falando de trinta, quarenta anos atrás. Ninguém vai sair derrubando nada. Nós temos que ter solução.

Tem quem reclame que o custeio do lixo não chega para esse pessoal todo…

Todos os condomínios deveriam pagar também. Se tem quem não pague, não acho justo. Mas preciso estudar um pouco mais o assunto.

E o parcelamento irregular de terras traz impactos ambientais como desmatamento e poluição das águas?

Se você pegar uma foto de satélite da década de 1970 a cobertura vegetal aqui era muito menor. Mas eu observo que nos últimos cinco anos houve um crescimento do desmatamento. Até porque está vindo muita gente para cá. Sobre o parcelamento irregular do solo, muitas vezes ele nem é tão desordenado. Mas tem lugares que é totalmente desordenado. Quanto ao desmatamento, cabe aos órgãos ambientais reprimir.

Domingos Martins é fornecedor de água para a Grande Vitória e vai receber uma barragem no rio Jucu. Terá contrapartida para o município?

O governo de Renato Casagrande tem uma boa atuação nessa área também. O governo do Paulo Hartung tinha o programa chamado Produtores de Água, que reembolsava os produtores que preservavam as nascentes e que plantavam na beira dos rios. Aqui tinha muita atuação, mas tem muita coisa que foi se perdendo. Precisa fortalecer esses mecanismos.

Qual sua expectativa para duplicação do trecho serrano na BR-262?

Eu torço muito que meu filhinho de cinco anos veja essa duplicação pronta. Com 55 anos, não sou otimista em ver essa obra. Começou o trabalho pelo Governo Federal. E aí o Tribunal de Contas da União veio ali e travou. Já tiveram três editais de duplicação. O pedágio teria que ser muito alto. Mas, o Governo Federal pode fazer. Penso que a duplicação da BR-262 aqui depende de um empenho muito forte do governo do Estado e união com municípios do eixo da rodovia.

O que você faria de diferente na saúde pública de Domingos Martins?

No nosso hospital, que é filantrópico, inauguraram um pronto socorro maravilhoso, três centros cirúrgicos e estão voltando com algumas especialidades. Essas especialidades que a gente precisa ir atraindo para cá. Também é um trabalho coletivo, não só da gestão pública municipal.

Clínica a gente tem aqui, mas tem vários serviços que a gente não tem.  A prioridade número um é trazer para cá serviço de hemodiálise, para reduzir o sofrimento de quem precisa se deslocar aos hospitais da Grande Vitória. O que também vai reduzir os custos e riscos desses deslocamentos.

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